“Existe uma relação entre o homem e animal que é bastante verdadeira”

Edson Laurindo Krauss Junior - 1º sargento e comandante de Cavalaria do 8º Baep

PRUDENTE - ROBERTO KAWASAKI

Data 24/09/2019
Horário 05:21
Paulo Miguel - Sargento Krauss: "Devido a nossa presença, os índices de criminalidade têm reduzido"
Paulo Miguel - Sargento Krauss: "Devido a nossa presença, os índices de criminalidade têm reduzido"

Provavelmente, você já deve ter se deparado com a Cavalaria do 8º Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) em patrulhamento pelas vias de Presidente Prudente e região. Localizado no Quartel do CPI-8 (Comando de Policiamento do Interior), o local abriga animais que recebem os cuidados vindos dos próprios policiais militares que, periodicamente, trocam ferraduras, dão banho e alimento para que os cavalos estejam aptos a atuarem na corporação. E é lá que também ocorrem os treinamentos. Em uma arena, os animais são submetidos a simulações de possíveis missões que possam surgir no decorrer da carreira militar.

O Imparcial: Como funciona o policiamento montado? Quais as vantagens?

Sargento Krauss: Ele é acionado para atuar em locais de difícil acesso, onde a viatura não consegue entrar. Em Prudente, utilizamos muito na linha férrea. Devido à altura, porte [do animal] e elevação do policial, existe um campo muito maior de visão e isso inibe a criminalidade, porque é muito difícil o infrator correr, ele se sente intimidado. Geralmente, estamos em bairros com muitos indicadores criminais, em que há o tráfico de drogas. Inclusive, devido a nossa presença, os índices têm reduzido, mas quando verificamos que a criminalidade voltou a atuar, nos deslocamos novamente para abaixar.

De que forma ocorre o treinamento dos animais e dos policiais que atuam na Cavalaria do Baep?

Os treinamentos são de policiamento. [No batalhão] nos preparamos para o controle de multidões como em ações de reintegração de posse, por exemplo. Para que o animal esteja treinado, utilizamos o fogo porque em uma situação real ele pode se assustar, ficar com medo e ir pra cima. Por isso é importante ter todo esse preparo para que não ocorram imprevistos durante uma ocorrência. Esses treinos ocorrem mensalmente, e são específicos apenas para atuar na Cavalaria.

De onde vêm os cavalos que atuam no policiamento montado? Os militares passam por cursos antes de entrarem na Cavalaria?

Os animais são do Regimento de Polícia Montada do Estado de São Paulo, e a Cavalaria é como se fosse um membro de lá. Os cavalos vêm da capital para atuar na região, mas os policiais do destacamento pertencem ao 8º Baep. Hoje, estamos com 11 cavalos, mas solicitamos mais alguns que estão para chegar. Já o nosso efetivo é composto por um sargento e 15 cabos-soldados. Para integrar a equipe, os policiais passam por curso de especialização de polícia montada, além de outros como ferrador e auxiliar de enfermeiro veterinário. Além de sair, eles também atuam aqui dentro com essas atividades de cuidados com os animais.

Como é trabalhar com os animais? No começo da carreira militar, imaginava que iria atuar na Cavalaria?

Existe uma relação entre o homem e o animal que é bastante verdadeira. Estar com os cavalos é prazeroso, traz uma sensação de paz e faz o policial se sentir bem durante o serviço. Pelo fato de eu morar no interior do Estado, sempre tive uma relação muito próxima com os cavalos, e era uma vontade um dia poder estar na Cavalaria.

Além do trabalho militar, a Cavalaria também atua com a equoterapia. Como funciona esse projeto?

A gente tem uma parceria com a Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), a equoterapia. A atividade consiste em movimentos que o cavalo faz no corpo do praticante, que equivale a seis sessões de fisioterapia para crianças especiais. Elas são selecionadas pela universidade, com indicação médica. Atualmente, 18 praticantes vêm até aqui [arena do batalhão] onde podem desenvolver as atividades com o auxílio dos instrutores e dos policiais. Então, além do policiamento, temos também essa parte que considero muito importante, que é o de ajudar as pessoas com necessidades especiais.

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