​​​​​​​Tradição Okinawa em Prudente

Associação que reúne descendentes daqueles, cuja terra natal é a ilha japonesa mais ao sul, pretende manter as tradições com reuniões periódicas, nas quais, dançam e cozinham pratos típicos

VARIEDADES - MARCO VINICIUS ROPELLI

Data 01/03/2020
Horário 08:58
Weverson Nascimento: Yukio afirma que reuniões mensais pretendem unir descendentes e conservar tradições
Weverson Nascimento: Yukio afirma que reuniões mensais pretendem unir descendentes e conservar tradições

O mar, as praias, os recifes de corais, o clima tropical. Poderia estar descrevendo algum local paradisíaco do litoral brasileiro, mas trata-se na verdade da ilha japonesa de Okinawa, localizada no extremo sul do Japão e conhecida por esses detalhes que contrasta com a imagem fria e agasalhada que temos da terra do sol nascente.

De lá, muitos vieram para o Brasil e parte deles se fixaram na região de Presidente Prudente. Por aqui, além de difundirem parte de sua expressão cultural, reuniram-se de modo que, tão longe de suas terras, pudessem sentir juntos e acolhidos. Neste contexto nasceu a Aceo (Associação Cultural e Esportiva Okinawa Kenjin) de Prudente, que atualmente é presidida por Alberto Yukio Nakada.

A Aceo, com quase 70 anos, objetiva manter as tradições e costumes de Okinawa entre os descendentes. “A ilha, por ser distante [para se ter noção, está a 2.104,5 Km da capital Tóquio, posicionada no centro da maior ilha japonesa - Honshu], tem costumes, hábitos e até linguajar um pouco diferentes do Japão”, comenta Alberto.

Entre estes hábitos está a gastronomia típica como o Soba de Okinawa, uma sopa de macarrão com carne. Também se destaca o hidjá nu shiru, uma sopa de cabrito. As danças são outro exemplo de cultura que eles mantêm da terra de seus ancestrais, grupos de homens, senhoras e crianças apresentam, em festividades o Odori, por exemplo, que se trata de uma dança de apresentação em palco.

A TRADIÇÃO DURANTE O ANO

No terceiro domingo de todos os meses, os cerca de 130 associados se reúnem em encontros descontraídos com objetivo de se manterem unidos, nestas ocasiões conversam e cantam em Karaokê músicas tradicionais da ilha. Alguns desses encontros possuem significados especiais, em referência a datas comemorativas do ano.

Em janeiro, comemoram e dão boas vindas ao ano novo, chamam a celebração de Shinnenkai. Em maio, há apresentações de danças típicas de Okinawa, que utilizam os trajes tradicionais. “Neste dia os homens cozinham, em homenagem as mães”, comenta Yukio. Na ocasião, as mães mais jovens e mais velhas são homenageadas.

Em agosto, há homenagem aos pais, em referência à data comemorativa, é neste dia que servem a sopa de cabrito, típica da ilha tropical japonesa. O Keirokai, homenagem aos idosos, ocorre em outubro, momento em que cada associado colabora com um prato, alguns deles tradicionais de Okinawa. Por fim, em dezembro, é hora de encerrar e fazer balanço do ano que passou, no chamado bonenkai.

RESPEITO À CULTURA

A Aceo inaugurou, recentemente, um painel com a foto do Castelo Shuri, uma das mais importantes estruturas da ilha, considerada Patrimônio Mundial da Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), e que foi, inclusive, residência de imperados entre o século XIV e XV.

Em outubro do ano passado, o castelo sofreu com um incêndio de grandes proporções. Várias comunidades de Okinawanos do mundo, inclusive na região, se dedicaram em enviar fundos para a reconstrução de Shuri. Até mesmo os deputados da província decidiram, todos, doarem parte de seu salário para a causa relata o presidente da Aceo.

Se não for pelo respeito incondicional às tradições ou à política voltada aos interesses sociais e culturais, que no Brasil os Okinawanos sintam-se em casa, ao menos, pelo calor.

“A ilha, por ser distante tem costumes, hábitos e até linguajar um pouco diferentes do Japão”
Alberto Yukio Nakada


 

 

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