1ª espécie da palmeira-cipó do Estado está na região

Por meio de levantamentos florísticos no Parque Estadual do Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio, grupo de pesquisadores publicou primeiro registro da amostra

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 26/01/2020
Horário 04:02
Wilton Felipe/Cedida - Com a descoberta no parque, houve aumento da distribuição geográfica da espécie no Brasil
Wilton Felipe/Cedida - Com a descoberta no parque, houve aumento da distribuição geográfica da espécie no Brasil

As palmeiras pertencem à família Arecaceae, uma das famílias botânicas mais antigas do planeta. Estima-se que existam aproximadamente 2,5 mil espécies, sendo o Brasil representado com cerca de 300 espécies, e ampla distribuição geográfica. São vegetais com grande importância ecológica, pois produzem muitos frutos, oferecendo recursos alimentares para diversas espécies da fauna, de insetos a mamíferos. Além disso, são plantas consideradas indicadores florestais, uma vez que, por possuírem crescimento lento, sua presença na forma adulta em remanescentes de vegetação e sub-bosque pode indicar ambiente com floresta primária ou em estágios sucessionais médios e/ou avançados.

Em novembro de 2019, por meio de levantamentos florísticos no PEMD (Parque Estadual do Morro do Diabo), em Teodoro Sampaio, a equipe de pesquisadores Tamylle Ferraz, Letícia Seidinger e Renata Udulutsch, da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Assis; e Wilton Felipe, da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista) de Presidente Prudente, publicaram o primeiro registro de Desmoncus leptoclonos para o Estado de São Paulo, espécie vulgarmente conhecida como palmeira-cipó ou urumbamba.

A amostra botânica foi depositada na coleção do Hassi (Herbário Assisense) e o artigo científico, publicado na revista Check List (https://checklist.pensoft.net/article/33939). Com a descoberta, houve o aumento da distribuição geográfica da espécie no Brasil, considerando que estava registrada apenas nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Amazonas e Rondônia.

De acordo com o Plano de Manejo do PEMD, há registro de seis espécies de palmeiras na UC (Unidade de Conservação), sendo Acrocomia aculeata, Allagoptera campestres, Euterpe edulis, Geonoma brevispatha (endêmica do Brasil), Syagrus oleracea (endêmica do Brasil) e Syagrus romanzoffiana. Entretanto, nenhuma destas espécies possui hábito trepador, diferentemente da palmeira do gênero Desmoncus, recém-descoberta no parque. A característica morfológica mais notável na espécie e que pode facilitar a identificação é a presença de ganchos (acantófilos) no ápice de suas folhas, estruturas estas que atuam no processo de escalada e fixação em outro vegetal.

EDUCAÇÃO

AMBIENTAL

Além do aumento da distribuição geográfica no Brasil, a espécie de palmeira tem sido utilizada no trabalho de interpretação e educação ambiental na UC. Os monitores do parque observaram a presença do vegetal em uma trilha de uso público (a mais de 30 km do local onde foi registrado pela primeira vez) e, a partir daí, o utiliza como material didático in loco.

Durante a abordagem educacional na palafita da trilha do Barreiro da Anta, os monitores, com o objetivo de despertar o espírito contemplativo nos visitantes, os induzem a olhar para a palmeira entre as samambaias na lagoa intermitente. Não é apenas a observação de uma planta, o PEMD tenta ampliar a percepção ambiental nos visitantes por meio da agregação de conhecimento e a produção de experiências memoráveis.

Publicidade

Veja também