Ação de R$ 1,5 milhão pode ter causado morte de advogado

Investigação aponta empresário do setor de transportes como mandante do assassinato; ele foi preso em sua residência, em São Bernardo do Campo

REGIÃO - ROBERTO KAWASAKI

Data 19/06/2018
Horário 04:06
Marcio Oliveira - Delegado do caso (de óculos) e membros da OAB falaram sobre o crime
Marcio Oliveira - Delegado do caso (de óculos) e membros da OAB falaram sobre o crime

Investigações da Polícia Civil apontam que a penhora de um apartamento no Guarujá (SP), no valor de R$ 1,5 milhão, pode ter sido o motivo do assassinato do advogado Nilson Aparecido Carreira Mônico, 60 anos, que ajuizava uma ação contra o empresário Luiz Henrique Almeida Reis, 45 anos. Na manhã de ontem, ele foi abordado em sua residência que, conforme investigações, é acusado de ser o mandante do crime. Durante a noite, ele estava a caminho da cadeia pública de Presidente Venceslau, onde iria depor sobre o crime. De acordo com a Polícia Civil, o inquérito policial deve ser concluído entre quinta e sexta-feira.

Após a prisão do empresário, acusado de ser o mandante do crime, na tarde de ontem, autoridades responsáveis pela investigação se reuniram em coletiva de imprensa, na sede da 64ª Subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em Venceslau, a fim de esclarecer os desdobramentos do assassinato que ocorreu na semana passada. O encontro teve participação dos conselheiros Fabrício de Oliveira Klebis e João Emílio Zola Junior; do advogado e ex-conselheiro estadual, Marcelo Ferrari Tacca; da presidente da OAB em Venceslau, Roseli Oliva; do vice-presidente da OAB, José Antonio Voltarelli; e do delegado Everson Aparecido Contelli.

Conforme explica Everson, a ação contra o empresário teve início em 2006, quando um motorista embriagado, que dirigia um caminhão de sua transportadora, envolveu-se em um acidente de trânsito, que causou a morte de um motorista autônomo venceslauense. Diante da ocorrência, a família da vítima moveu uma ação contra a empresa, atualmente avaliada em R$ 1,5 milhão, que corria há anos na Justiça.

Em fevereiro de 2018, o advogado de defesa da família pediu a penhora de um apartamento localizado no Guarujá, de propriedade do empresário, a fim de ressarcir o valor de indenização causado no acidente há mais de 10 anos. De acordo com o delegado, as investigações apontam que no dia 12 de abril deste ano, tanto o empresário, quanto o autor do crime, estiveram em Presidente Venceslau com o mesmo veículo que utilizaram no dia do assassinato do advogado, que ocorreu no dia 13 de maio.

Segundo informações do delegado do caso, “no dia do crime, o mandante levou o executor até a cidade, onde combinaram de se encontrar em outro local, após ‘um susto’ que daria na vítima. Após o crime, o executor acabou se perdendo e foi pego pelos policiais”, o que contribuiu para o início da investigação.

Diante do trabalho realizado pelas forças policiais, a presidente da 64ª Subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em Venceslau, Roseli Oliva, explica que o órgão colaborou com a investigação do crime, “cobrando resultados sempre que possível, bem como levando informações que seriam importantes para a solução do caso”. Além disso, Roseli diz que “o trabalho em conjunto resultou na obtenção de respostas rápidas para o desempenho do trabalho investigativo”. “Gostaria de ressaltar que o advogado atuou de forma ética e profissional, agindo dentro dos parâmetros legais”, afirma.

A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil na noite de ontem, a fim de apurar se o acusado já estava depondo e foi informada que ele chegaria por volta das 20h, de onde iria direto para a cadeia pública de Presidente Venceslau. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do empresário para repercutir sua prisão.

Prisão em São Bernardo

Na manhã de ontem, a Polícia Civil prendeu o empresário em seu apartamento, em São Bernardo do Campo (SP). De acordo com o delegado Everson, a investigação policial resultou também em buscas nas empresas de propriedade do acusado, bem como em residências de familiares em Santo André (SP), São José dos Campos (SP) e Jacareí (SP). Conforme o delegado, o empresário não resistiu à prisão e, na residência, foram localizadas três armas de fogo, sendo duas pistolas e um revólver, além de munições, computadores e documentos. Em Jacareí, outra arma de fogo e munições também foram apreendidas.

Como noticiado por O Imparcial, o advogado Nilson Carreira, 60 anos, foi morto a tiros na manhã de quarta-feira, em seu escritório em Presidente Venceslau. De acordo com informações divulgadas pelo delegado da Polícia Civil, Stephano Rabeccini, o primeiro suspeito do crime foi preso na ocasião. Na abordagem policial, ele foi revistado e confessou que, junto a um amigo, se deslocou de São Bernardo do Campo até o escritório de advocacia, onde amarrou as funcionárias e disparou três vezes contra a vítima. Com o preso, foi localizado um revólver calibre 38, com três munições deflagradas e três intactas. Além disso, os policiais localizaram fitas de mordaça, abraçadeiras de plástico e R$ 2 mil em dinheiro.

 

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