Ação no HRC soma 250 doações

PRUDENTE - SANDRA PRATA

Data 22/05/2018
Horário 09:30
AI HRC - Voluntária é responsável pelos cortes, todas as sextas, no HRC
AI HRC - Voluntária é responsável pelos cortes, todas as sextas, no HRC

Castanhos, pretos, loiros, cacheados ou lisos, curtos ou compridos, os cabelos mudam de pessoa para pessoa, mas independente do tamanho, do tipo ou da cor, é fato que é essencial para a construção de uma identidade própria. Todavia, algumas mulheres precisam abrir mão de cuidar das mechas para se atentar a algo mais importante, a saúde. É pensando nas vítimas de câncer que perdem os fios por meio do tratamento quimioterápico, que o HRC (Hospital Regional do Câncer) de Presidente Prudente une forças, há quase quatro meses, com a ONG (organização não-governamental)  Amor em Mechas. A entidade paulistana possui um projeto nacional de doações de cabelos e confecções de perucas, chamado Urnas do Amor. Com a ação ativa desde fevereiro, o hospital - que atende 350 pacientes - já conseguiu uma marca de 250 doações e 40 perucas distribuídas.

O objetivo é depositar mechas em uma urna e, com elas, fazer com que não exista mais essa escolha entre se sentir bonita e cuidar da saúde.

Em âmbito nacional, segundo a fundadora da ONG Amor em Mechas, Débora Pieretti, desde marco de 2017 (quando iniciou suas atividades), o projeto já ajudou a produzir 528 perucas. As arrecadações são depositadas em urnas. Em Prudente, são 20, uma na sede do HRC e outras 19 distribuídas em salões de beleza do município. Fora isso, a ONG possui outras 150 espalhadas por todo Brasil.

Segundo Adriana de Oliveira Fernandes, é necessário um quilo de cabelo para a confecção de duas perucas. Ela é proprietária da fábrica parceira do projeto, que confecciona as perucas. Para ter uma noção, conforme Débora, para alcançar esse volume de cabelo, é necessária a colaboração de cinco a oito doadoras.

 

Experiência

Débora já foi vítima de um câncer de mama em 2015 e, ao ganhar uma peruca, só conseguiu pensar: “Quero que todas as mulheres que passam por isso tenham essa chance”. Justamente por essa experiência, que criou a ONG. “Eu encontrei meu propósito de vida, quando você se olha no espelho careca e inchada por causa da medicação, você não se reconhece, não se encontra, a peruca é um resgate da sua própria identidade”, explica. Segundo ela, cada uma das perucas é distribuída com um kit do amor, que vem com lenços de cabelo, colares de pérola e maquiagens.

Conforme a Assessoria de Imprensa do Hospital Regional do Câncer, sempre houve recebimento dessas doações, mas, com a chegada do projeto, elas aumentaram. Tudo graças à responsável por ações humanitárias do HRC, Emília Ramos, que contribuiu para formar essa aliança com a entidade. De acordo com ela, um ponto importante do projeto é a chance da mulher poder cortar seu próprio cabelo antes de perdê-lo com o tratamento. Dessa forma, a peruca pode ser feita com o próprio cabelo dela. “Para uma paciente, é sinônimo de levantar a autoestima que, a partir da segunda sessão, já perde cabelo”, relata. 

 

Trilhando a esperança

Voluntária e apaixonada pelo HRC, Maria Ivonete de Oliveira é responsável por cortar o cabelo das doadoras. Todas as sextas-feiras, quando chega para mais um dia na sede do hospital e, às vezes, em algumas conversas que troca com pacientes, se emociona ao lembrar dos momentos em que sabia exatamente como era a sensação de perder o cabelo. “Já perdi o cabelo, não por câncer, mas tive um problema sério com anemia”, relembra a fase de cinco anos atrás. Ela e a filha Jéssica, que a acompanha às idas ao HRC, já deixaram um pedacinho de esperança na urna do hospital. Hoje ela conta que deixa o cabelo crescer para curtir a sensação que tempos atrás não tinha.

Ivonete, como é chamada, já está há um ano no HRC e concorda com Emília sobre os benefícios das perucas para a autoestima. Ela conta que com a ajuda a essas mulheres, acabou se autoajudando. “Antes de entrar aqui, fazia tratamento de depressão, com psicóloga, depois que entrei mudei meu modo de ver a vida, tenho saúde, tenho tudo e tanta gente quer ter e não pode. Depois dessa noção, melhorei muito”, revela.

 

SAIBA MAIS

As perucas têm rotatividade de donas, ou seja, quando os cabelos crescem novamente, a peruca passa para outra paciente que esteja precisando. Cada contemplada usufrui da peruca por mais ou menos três ou quatro meses, isso depende da velocidade de crescimento do próprio cabelo.

 

Serviço

Para levar sua mecha até a urna, basta ir à sede do HRC, localizada na Avenida Coronel José Soares Marcondes, 2.380, na Vila Euclides, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Para as doadoras que gostariam de realizar o corte no próprio hospital, ele pode ser feito das 8h ao 12h nas sextas. Qualquer pessoa pode doar e a exigência mínima é que o cabelo esteja seco, limpo e que a doação seja de no mínimo 15 centímetros, podendo ser do cumprimento total ou de mechas no meio do cabelo.

Publicidade

Veja também