O que era de se esperar foi comprovado ontem em reportagem divulgada por este diário: o aumento no número de apreensões de objetos ilícitos com visitantes que tentam inserir em unidades prisionais da região de Presidente Prudente itens como celulares, entorpecentes ou medicamentos. Segundo dados fornecidos pela SAP (Secretaria de Administração Penitenciária), de janeiro a novembro deste ano, nas 21 unidades prisionais da 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo, houve aumento de 74,29% na quantidade de flagrantes deste tipo de ocorrência em comparação ao ano passado.
Casos assim são noticiados semanalmente por este diário. Difícil a semana que este impresso não aborda alguma ocorrência do tipo. Nos últimos 11 meses, os agentes barraram 488 visitantes nas unidades da região, número superior ao catalogado em 2017, que foi de 280. E o aumento, segundo o ponto de vista da SAP, se deve à instalação de novos equipamentos de detecção, o que em tese melhoraria o trabalho do efetivo.
Porém, além dos novos equipamentos, um detalhe pode ser determinante para o aumento no número de casos: a impunidade. Isso porque, de acordo com as regras do sistema penitenciário, os visitantes flagrados portando objetos proibidos em unidades prisionais são excluídos do rol de visitas e encaminhados à Delegacia de Polícia Civil. Entretanto, os mesmos não respondem na esfera criminal. O que acontece é a instauração de um procedimento disciplinar para apurar a cumplicidade dos presos que receberiam os materiais.
É inaceitável imaginar que um preso condenado possa receber dentro da cadeia qualquer material considerado ilícito, mas ainda mais inconcebível é saber que quem tenta entrar com tais objetos em presídios fica praticamente impune. Até por isso os números nunca caem. Em sua maioria são mulheres, ligadas ou forçadas pelos criminosos a se submeter a tal tentativa, que são usadas como “mulas” para fazer o transporte desses itens. Mas tanto quem tenta acessar uma unidade prisional desta forma, como quem receberia a encomenda precisam ser punidos firmemente, ou casos assim só aumentarão ano após ano.