Ato reúne 50 manifestantes em defesa da aposentadoria

Integrantes do grupo Frente Brasil Popular se encontraram na tarde de ontem, no prédio do INSS, em Presidente Prudente, para criticar a nova proposta do presidente Michel Temer

PRUDENTE - ROBERTO KAWASAKI

Data 20/02/2018
Horário 13:28
José Reis, Protesto contra a reforma reuniu grupo em frente ao INSS
José Reis, Protesto contra a reforma reuniu grupo em frente ao INSS

A reforma da Previdência Social tem gerado discussão em diversos grupos da sociedade. Na tarde de ontem, a Frente Brasil Popular se reuniu na fachada do prédio da agência do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) em Presidente Prudente para um ato em defesa da aposentadoria. Apesar da chuva que caía sob a cidade, aproximadamente 50 pessoas, dentre representantes sindicais e movimentos sociais, se juntaram aos gritos de “Fora Temer” e batucadas de tambor.

De acordo com Edmilson Trevisan, presidente do Sindicato dos Bancários de Prudente, alguns dos pontos criticados pelo grupo é que a reforma da previdência pública surgiu para beneficiar parcelas da população. Eles criticam o fim dos privilégios citado pelo presidente Michel Temer e que os “juízes, militares e deputados serão os únicos beneficiados com a reforma”. Desta forma acreditam que aumentará a desigualdade social que, segundo Trevisan, a população pobre será prejudicada e os jovens “vão demorar mais anos para se aposentarem”.

Durante o protesto, o retrocesso nas leis trabalhistas foi citado, pois muitos pontos da reforma são considerados “inconstitucionais”. De acordo com Edmilson, outros atos em defesa do trabalhador já foram realizados na cidade e acredita que mais pessoas deveriam se juntar contra a reforma. “Muitos dizem que não serão afetados porque já estão aposentados, mas é aí que se enganam”, lamenta.

Debaixo da marquise de uma loja, a professora Edna Azevedo, 59 anos, representante da Apeosp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), afirma que se sente “ameaçada” com a possível reforma trabalhista. De acordo com ela, muitos colegas de trabalho não se manifestam a respeito da previdência porque “não têm noção da dimensão disso tudo”. Para Edna, a mudança na previdência será um “desgaste muito grande”, uma vez que os professores terão que contribuir “por mais de 40 anos”.

 

Preocupação com o futuro

Para a aposentada Sandra Poletto, 59 anos, o que mais a deixa preocupada é o futuro dos filhos e dos netos que entrarão no mercado de trabalho. De acordo com ela, “a reforma faz com que não dê abertura para novos profissionais que buscam uma classificação de emprego no mercado”. A aposentada acrescenta que está em defesa dos jovens e espera que os mesmos entrem nessa luta. “Eles não acreditam em nada, isso me deixa incomodada”, lamenta.

A estudante Isadora de Mendonça Fernandes, 17 anos, concorda que o jovem de hoje está “alienado” e “não busca uma mudança”. Ela acredita que muitos não se informam e que isso pode ser prejudicial para o entendimento de uma reforma trabalhista. “Quando você se cala, você aceita o que está acontecendo”, finaliza.

 

Início da discussão

Na última quinta-feira, Carlos Marun, ministro da Secretaria de Governo, afirmou que o início da discussão sobre a reforma da Previdência está mantido para hoje no plenário da Câmara. Pelo fato de ser uma emenda à Constituição, a proposta precisa do apoio de 308 entre os 513 deputados para ser aprovada, o que deve levar dois turnos de votação. O quórum qualificado deve receber o voto favorável de pelo menos 49 senadores, antes de ser promulgada.

Na semana passada, um estudo divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostrou que nos próximos anos haverá um crescimento no déficit da Previdência Social, devido ao aumento do número de aposentadorias. Segundo a pesquisa, o acréscimo no número de servidores aposentados e de salários concedidos ao funcionalismo entre 2004 e 2014 foram os fatores determinantes para elevação das despesas previdenciárias.

De acordo com o Ipea, a reforma da Previdência vai evitar que isso se agrave futuramente. Entretanto, no ano passado, o Senado criou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a necessidade da reforma da Previdência e concluiu que não existe déficit da Previdência Social ou da Seguridade Social no país.

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