Brava gente caminhoneira! Poder de luta corre na veia dos brasileiros

EDITORIAL -

Data 28/05/2018
Horário 07:38

A letra de Evaristo Ferreira da Veiga para o Hino da Independência não poderia ser mais oportuna para o atual cenário brasileiro: “Brava gente brasileira. Longe vá, temor servil. Ou ficar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil”. Neste trecho da música, o poeta ressalta a força do povo brasileiro e rejeita qualquer subserviência a Portugal, sendo preferível morrer a não conseguir a liberdade. Se relacionarmos a referida estrofe aos recentes acontecimentos que tomaram – e paralisaram – o país ao longo desta semana, constataremos que o nosso poder de luta não está restrito aos versos do compositor, mas corre nas veias dos brasileiros.

O que acompanhamos nos últimos seis dias foram mais do que manifestos de uma categoria insatisfeita – e, sim, o despertar de um segmento da sociedade que cansou de servir aos sucessivos aumentos de preços e impostos e ser vítima de um governo que oprime diariamente o seu próprio povo. O desejo pela liberdade partiu de uma classe cuja importância não é constantemente evidenciada. No entanto, bastou que a mesma cruzasse os braços para que não só as pessoas, como também as lideranças, percebessem a relevância do trabalho de tais profissionais para a roda da economia brasileira, para o bom funcionamento dos nossos lares e para a continuidade de nossas rotinas.

Fomos representados por pessoas que deixam suas casas e suas famílias para embarcar em viagens expostas a diferentes contratempos, que ameaçam a sua segurança e tiram o seu conforto. O cumprimento de seus itinerários implica em abrir mão do dia a dia com as esposas, filhos, pais, amigos, pessoas queridas. Tudo com o objetivo de garantir o seu próprio pão – e também o pão que chegará ao lar de cada brasileiro. O despertar dos caminhoneiros merece o reconhecimento de toda a classe trabalhadora, que encontra na pauta da categoria um pouco de suas próprias reivindicações. Que encontremos na mobilização destes profissionais a coragem de questionar aquilo com que não concordamos e buscar melhorias para a sociedade de modo geral, pois o preço dos combustíveis é apenas uma das inúmeras demandas que afetam as condições de vida de toda a população. E voltando a parafrasear o Hino da Independência, que os brasileiros nunca se esqueçam que “vossos peitos e vossos braços são muralhas do Brasil”.

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