Católicos se reúnem para ritual por cura em Prudente

Durante a Sexta-Feira Santa, em Prudente, devotos se reúnem entorno de figueira para martelar pregos em seu tronco por indulgências de problemas respiratórios

PRUDENTE - WEVERSON NASCIMENTO

Data 20/04/2019
Horário 07:00
José Reis - Devotos se reuniram entorno da tradicional figueira para martelar pregos no seu tronco
José Reis - Devotos se reuniram entorno da tradicional figueira para martelar pregos no seu tronco

Dor e morte de cruz são temas que levam fiéis se emocionarem todos os anos durante a Sexta-Feira Santa. Em Presidente Prudente, devotos se reuniram ontem no entorno da tradicional figueira do Residencial Jardim São Paulo para martelar pregos em seu tronco, por indulgências para cura de doenças respiratórias. A cada batida, lágrimas escorriam nos rostos daqueles que contemplam a morte de Jesus como graça e fonte de salvação. Assim, por volta das 12h, horário alusivo ao momento em que Cristo é crucificado, a cerimônia iniciou por aqueles que foram até o local em busca de pedir, agradecer ou simplesmente orar. A atividade deste ano contou com a presença de aproximadamente 30 pessoas.

Conhecida pelo seu efeito milagroso foi mantida sob um ritual de silêncio e muita fé. A ação iniciou com Orlando Pieretti, quando tentou realizar simpatias para o filho Jorge Leandro Pieretti, 55 anos, mas a única que obteve sucesso foi a da figueira e assim, prometeu que enquanto tivesse vida e saúde continuaria realizando pelo próximo. Após sua morte em 2010, o filho Jorge decidiu continuar com a tradição, pois considera que não está fazendo nada de errado e somente o bem. “O objetivo é levar a cura principalmente para crianças, eu não tenho nenhum poder, o poder da cura é simplesmente a fé das pessoas” expõe Jorge.

De acordo com ele, a tradição é feita na Sexta-Feira Santa, ao meio-dia, porque é justamente o horário em que Cristo foi crucificado. “Batemos os sete pregos em formato de cruz e a pessoa fala o nome e a indulgência da cura”, explica.

Fé católica

O aposentado Carlos Mitiura, 64 anos, participou pela primeira vez há 30 anos por conta da filha que tinha bronquite asmática forte e que realizou o processo durante três anos consecutivos para contemplar a cura. “E resolveu o problema, e para não cortar o vínculo, agora, estou continuando pelos meus netos.” Carlos relata que também foi até o local para pedir pelas pessoas que estavam fora e que pretende continuar. Quanto à fé no ritual, considera que a pessoa tem que acreditar fielmente, pois se ficar com dúvida não adianta participar, “a fé é tudo”, declara. 

Há cinco anos, o aposentado e empresário Giberto Afonto Sapucci, 54 anos, acredita nos milagres da simpatia.  “A intenção é a fé de cada um, eu vindo fazer minha oração é um ato de grande valor, porque tem curado.” O empresário diz que além das curas respiratórias tem pedido por indulgência de um problema de artrite reumatoide. “Hoje estou bem e não sinto dores e por isso sempre vou realizar”, fala.

A tradição das sete marteladas também é passada de geração em geração. A fisioterapeuta Cassiana Carrinho, 38 anos, teve bronquite e a mãe fez a simpatia quando ela era criança, e diz que deu certo. Atualmente, faz a simpatia pelo filho Pedro, 3 anos, para as crises de asma. “A gente está aqui com fé e confiança.”

A importância de manter a tradição para ela é justamente pela fé. “Porque a bronquite e uma patologia muito obstrutiva que cansa muito a criança, e com remédio nunca melhorava. E através da lembrança da simpatia feita pela minha mãe, eu quis seguir pelo meu filho que já apresenta melhoras.”

 

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