Ciência, religião, aquário

OPINIÃO - Arlette Piai

Data 28/08/2018
Horário 08:03

O Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu durante o século 18 na Europa. As barbáries ocorridas na Idade Média por parte do clero, facultou ao movimento iluminista negar frontalmente a metafísica e defender a exclusividade da razão contra tudo que não fosse cientificamente comprovado. O poder da razão fora endeusada como salvadora do mundo. Acreditou-se que com o poder exclusivo da racionalidade nasceria um mundo igualitário e pacífico. Entretanto no início do século 20 as duas grandes guerras mundiais, levaram por terra a utopia sonhada pelos iluministas.  

Na segunda metade do século 19 e início do século 20 cientistas, entre outros, como Maxwell, Niels Bohr, Max Planck, Albert Einstein, Heisenberg conduziram um novo olhar à realidade. As novas descobertas constituíram a maior revolução que já ocorreu desde o início da humanidade. Evidenciou-se que vivemos num mundo de três dimensões, e há mais oito. Somos como peixes no aquário, cegos a qualquer realidade fora dele, ou como se vivêssemos prisioneiros fechados em um quarto ignorando o outro lado. 

Das oito dimensões que desconhecemos, na quinta é possível viajar no tempo e ver as semelhanças e diferenças entre o mundo em que habitamos e outros mundos possíveis. Na sexta pode-se permear o presente, passado e futuro da mesma forma que andamos para frente e para trás.  Na sétima, oitava e nona dimensões, abrem-se a possibilidade para os outros universos. Na nona dimensão, chega-se ao plano de todas as histórias e futuros possíveis para cada universo. Finalmente, a décima dimensão, sobrepõe-se a todas as outras, ramificando-se para o infinito. Chega-se assim ao ponto final do eterno.

Assim a física moderna ou quântica provou a gênese do universo. Tudo que existe é constituído do imaterial, de partículas e ondas subatômicas que não podem ser enxergadas, nem medidas, nem pesadas, nem cronometradas; o preciso é o impreciso. O mundo microscópico, gênese do macroscópico é caracterizado pelo princípio da incerteza, em outras palavras pelo “mistério insondável”. Cai-se assim por terra a supremacia absoluta da racionalidade humana que tudo entende, tudo sabe, tudo desvenda, tudo controla. Será que podemos controlar, ao menos, o nosso próprio destino?

A física moderna resgata a metafísica e tem analogia com princípios bíblicos: a eternidade, o céu, o inferno, purgatório estão implícitos nas dimensões que vão desde “mundos piores que o planeta terra”, a níveis superiores até atingir a plenitude do bem, o mundo da luz, o céu, o encontro com Deus ou quaisquer outras denominações que se queira dar.

Em síntese, se a anulação da metafísica tornou as gerações mais individualistas, mais materialistas, sem fé; o mundo novo, embora pouco conhecido, nasceu e poderá florescer uma nova e esperançosa era. E o planeta azul como fica? Bem, talvez pertençamos a um mundo virtual e não sabemos; e provavelmente sejamos mesmo peixes dentro do aquário. 

 

 

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