Comida industrializada contribui para obesidade entre jovens

Segundo nutricionista, publicidade de alimentos gordurosos faz com que as pessoas deixem a alimentação saudável de lado

PRUDENTE -

Data 19/10/2018
Horário 08:21
José Reis - Mateus mudou seu estilo de vida ao adotar alimentação saudável e passou dos 91 kg para 76 kg
José Reis - Mateus mudou seu estilo de vida ao adotar alimentação saudável e passou dos 91 kg para 76 kg

Trocar alimentos saudáveis por comidas gordurosas e instantâneas já é um hábito na vida dos brasileiros e esse estilo de vida se potencializa ainda mais nos jovens. De acordo com dados do Sisvan Web (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional), na 10ª RA (Região Administrativa) do Estado, na qual Presidente Prudente é sede, 38,7% dos 2.928 adolescentes têm sobrepeso. Em números, significa que são 1.235 jovens nesta condição física. No cenário nacional, 55% das pessoas desta faixa etária atendidas no SUS (Sistema Único de Saúde) estão acima do peso, segundo o Ministério da Saúde. Esse é o pontapé para uma vida adulta com obesidade, já que o órgão afirma que jovens que apresentam o quadro aos 19 anos têm 89% de chances de manter a condição aos 35.

De acordo com a nutricionista, mestre em ciência da motricidade, Cláudia de Carvalho Brunholi, o público jovem é o maior alvo da doença devido aos hábitos alimentares atípicos, além da maior procura por alimentos palatáveis – que dão maior sensação de prazer –, famosos pelas altas taxas de açúcar e gordura, como chocolates. “É uma fase em que estão em desenvolvimento, então, automaticamente, comem mais, mas o problema é a qualidade desses alimentos”, explica. Embora a má alimentação seja o principal causador da doença, a nutricionista destaca os hábitos culturais como vilões secundários. “Existe toda uma publicidade e oferta de alimentos que favorecem o acúmulo de gordura, vivemos na era da alimentação industrializada, tudo isso incentiva a obesidade”, reforça.

Entre os riscos causados na saúde, a especialista elenca os principais como doenças cardíacas e respiratórias. Entretanto, é possível estimar prejuízos na circulação e até mesmo psicológicos com a incidência de baixa autoestima. “Existem estudos que dizem que pode estar associada a tipos de câncer e até mesmo consequências no sistema nervoso central”, expõe.

De olho na balança

Conforme Cláudia, a primeira coisa que precisa ser feita para começar um tratamento contra a obesidade é incentivar a consciência. Segundo ela, muitas pessoas são doentes e não têm a percepção disso ou não conhecem os riscos que isso representa para a saúde. “Após essa etapa, existem três tipos de tratamento: o medicamentoso, o preparo para cirurgias e o não medicamentoso, que envolve alimentação saudável e exercícios físicos”, relata.

A especialista faz uso do terceiro tipo. Conforme ela, para que se obtenha êxito no processo de emagrecimento é preciso desenvolver uma reeducação alimentar. “De uma forma geral, é necessário preservar os horários de alimentação, optar por produtos integrais e mais naturais possíveis e evitar o óbvio, como refrigerantes e doces”, denota.

Sonho do peso ideal

Claúdia Patussi Rego tem 20 anos e hoje pesa 86 kg, todavia, teve a adolescência marcada pela baixa autoestima e pelo preconceito velado devido ao seu peso. A prudentina mede 1,71 metro de altura e já chegou a pesar 127 quilos aos 17 anos. Foi nesta época que ela decidiu buscar por procedimentos cirúrgicos em busca da redução de peso. “Logo que completei 18 anos, fiz a cirurgia, já tinha tentado dietas, tudo possível, e nada havia dado sucesso”, relembra. O motivo da decisão foi o cansaço de olhares julgadores e comentários desagradáveis que, muitas vezes, provinham dos próprios familiares. “As pessoas sempre diziam ‘ah, se você fosse magra poderia praticar três tambores’ e isso me machucava muito, porque todos sabiam que era meu sonho, meu esporte preferido”, relata.

Já Mateus Mariano dos Santos, também de 20 anos, encontrou na dieta a solução para a guerra contra a balança. Hoje com 76 quilos, o prudentino de 1,62 metro de altura já chegou a pesar 91 quilos. Foi aí que percebeu que queria mudar o estilo de vida. “Eu me alimentava apenas de produtos ricos em carboidratos e gorduras, sem nenhuma prática de atividade física. Isso, em longo prazo, gerou o excesso de peso”, explana.

NÚMEROS

2.928

é o número de jovens na 10ª Região Administrativa

1.235

pessoas deste público têm sobrepeso

55%

dos jovens atendidos na saúde pública do país estão acima do peso

Publicidade

Veja também