Consequências

OPINIÃO - Arlette Piai

Data 04/12/2018
Horário 04:03

De acordo com o ranking da Transparência Internacional, o escândalo da Petrobras, investigada pela Operação Lava Jato, é considerada uma das maiores já ocorrida no planeta. Quem lidera internacionalmente o ranking de corrupção é o país africano da Somália. Com seus líderes bilionários,  a Somália deixou em 2012 mais de 250 mil mortos pela fome e está à beira de uma nova catástrofe. Nos últimos seis meses o número de pessoas expostas à séria crise alimentícia conta 3,1 milhões que necessitam de urgente assistência humanitária. Esse quadro que inclui crianças famintas e obrigadas a trabalhar revela, acima de tudo, até onde a corrupção e governar em vantagem própria pode levar uma nação.  

Os brasileiros parecem estar acordando do “sono em berço esplêndido” e hoje estão mais antenados aos seus representantes, mas não o suficiente. Deputados há, que torraram em suas campanhas 3,3 milhões só em autopromoção com os impostos dos brasileiros, e mais 3 bilhões para abastecer os fundos partidários também dos impostos dos brasileiros que são embutidos até nos produtos alimentícios.

Inventaram, não é de hoje, também a história do indulto de Natal, que seria direito “do rei presidente da República” oferecer perdão às penas de criminosos. Assim, estes não terão que voltar para a cadeia, nem cumprir nenhuma medida após o indulto. Tal fato, é claro, conduz a alguma vantagem pessoal a quem indulta e constitui duplo crime, porque fomenta estímulo à criminalidade. E assim os absurdos continuam, por exemplo, o ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal) votou a favor do aumento do próprio salário com impacto bilionário nas contas públicas, e disse estar preocupado com o custo dos presos na atual situação financeira do Brasil. Os brasileiros não merecem esses espetáculos de obscenidades, embora esses políticos entraram e permanecem no poder pelo voto.

Final da ópera: ainda não somos representados nem pelos políticos do nosso próprio município. Apesar de o povo prudentino manifestar-se contra o projeto de lei nº 687/17, de autoria do prefeito Nelson Roberto Bugalho (PTB), 11 vereadores votaram a favor e dois contra. Onde está a representatividade dos prudentinos? Se não há representatividade é porque não há um dos maiores pilares da democracia: a alternância do poder. A história nos mostra que a falta da alternância no poder, geralmente, leva atitudes de políticos, com o tempo, contrários às aspirações do povo, e depois contrário ao respeito, e depois à corrupção, tendências à autocracia, a interesses pessoais; podendo a população chegar ao caos. Disso os brasileiros já entendem muito bem. Um grande incêndio inicia sempre com uma fagulha, portanto, é dever do povo evitar o aparecimento da primeira fagulha, que com o tempo inevitavelmente possibilita grandes incêndios. Como ensinou o papa João Paulo 2º: “A democracia precisa da virtude, se não quiser ir contra tudo o que pretende defender e estimular”.

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