Coronavírus afeta rotina de “au pairs”

Jovens da região compartilham a experiência e expõem aumento da carga horária nas residências familiares

REGIÃO - ROBERTO KAWASAKI

Data 22/03/2020
Horário 06:33
Cedida - Mariane trabalha como au pair em Tarrytown NY
Cedida - Mariane trabalha como au pair em Tarrytown NY

Até o começo da semana, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos havia contabilizado 3,4 mil casos de contágio, com mais de 68 mortes decorrentes da pandemia. Com o avanço dos casos de coronavírus no país, medidas estão sendo adotadas para garantir a segurança dos americanos – situação não diferente em outros locais. Diante da maior demanda nos atendimentos de saúde, a rotina dentro de casa precisou sofrer alterações, o que afetou o trabalho das jovens que trabalham como au pairs.

“Estamos trabalhando mais”, afirma a prudentina Mariana Perussi, 27 anos. Ela mora em Garden City, no Estado americano do Kansas. Nesta semana, os moradores entraram em quarentena como forma de prevenir o contágio. Na residência da família em que trabalha, ela cuida de três crianças – duas delas que estão matriculadas em escolas já não frequentam mais a unidade após o cancelamento das aulas.

Desde então, foi orientada pelos donos da residência a ficar mais tempo com as crianças. “Eles me pagarão o dobro na semana por eu ter que ficar à disposição deles”, afirma Mariana. Mas ela não está sozinha, isso porque a avó das crianças tem ajudado nessa “mudança de rotina”. “A mãe delas ainda trabalha, mas o pai já está fazendo home office”. Apesar de estar se cuidando, afirma que não tem medo de pegar a doença, e lembra que as famílias pedem “paciência neste momento”.

Em Ho Ho Kus, distrito localizado no Estado de New Jersey, a prudentina Isabela Caroline Zardi, 25 anos, compartilha a mesma mudança de rotina no intercâmbio. “Estou fazendo o papel de professora, além de cuidar, dar banho e o jantar”, conta. Ela diz que o aumento da carga horária não extrapola a semana, e que tem passado mais tempo dentro de casa. “Como o toque de recolher começou segunda-feira, não sei como está a situação do lado de fora”, afirma. “Não estou saindo, minhas amigas não vão mais à academia. E se precisar sair, é necessário se higienizar”.

PROBLEMAS COM

SISTEMA DE SAÚDE

“Meu maior medo é o contágio, de pegar a doença e infectar a família e outras pessoas. Por isso, me isolei”, afirma Mariane Gomes Talavera Gasparetto, 26 anos. Natural de Presidente Epitácio, atualmente reside em Tarrytown NY, no condado de Westchester, onde é au pair. Assim como as demais entrevistadas, também sofreu alterações na rotina de trabalho devido à quarentena.

Apesar disso, o que a tem deixado preocupada é o sistema de saúde americano, uma vez que teme não suportar o número de doentes. “O sistema aqui é muito problemático, não tem vaga pra todo mundo, nem estrutura, é tudo caro”, afirma Mariane. No local, o teste é feito apenas em hospital e, conforme expõe, nem todos dispõem do serviço.

“Estamos numa situação que não sabemos o que fazer, aonde buscar ajuda”, explica a epitaciana. “Mas tentando ao máximo não pegar o vírus para não passar por todos esses problemas”.

SAIBA MAIS

Au pair é um programa de intercâmbio cultural que dá a possibilidade de jovens do mundo todo de passar um tempo no estrangeiro, aprender mais sobre uma cultura diferente, aperfeiçoar uma língua estrangeira em troca de ajuda com o cuidado das crianças. O termo “au pair” vem do francês e significa “em termos iguais”, o que significa que a au pair e a família anfitriã devem se tratar de igual para igual.

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