Cyberbullying agrava doenças psicológicas

322 milhões de pessoas são depressivas e especialistas afirmam que até 2022, essa será a doença mais incapacitante do mundo

VARIEDADES - PEDRO SILVA

Data 10/09/2019
Horário 08:45
Arquivo: Psicóloga Cleide Santana alerta sobre uso excessivo das redes sociais
Arquivo: Psicóloga Cleide Santana alerta sobre uso excessivo das redes sociais

O mês de setembro está aí e com ele chegou o movimento Setembro Amarelo para a prevenção do suicídio. A causa teve início em 2015 idealizada pelo CVV (Centro de Valorização a Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). Segundo o site do movimento a ideia “é pintar, iluminar e estampar o amarelo nas mais diversas resoluções, garantindo mais visibilidade à causa”. O símbolo da campanha deste ano é o girassol, pela persistência e procura do sol, mesmo passando por dificuldades. A depressão é uma das causas para esse problema, e conforme a psicóloga Cleide Santana, especializada em gestão de pessoas, as redes sociais podem despertar esse transtorno ou agravá-lo. Pesquisas revelam que 322 milhões de pessoas são depressivas.

Segundo a psicóloga, nas redes, o usuário está em um mundo particular, onde não enfrenta problemas, e tudo e todos se mostram felizes. Mas o mundo real, não é igual à fantasia criada na internet. Quando se sai das comunidades, os problemas e decepções voltam, e muitas vezes, o choque que é causado ao confrontarem realidades tão destoantes, podem gerar transtornos psicológicos, como a depressão e ansiedade.

Outro ponto nocivo que as redes causam, é a perda de momentos reais, trocados em virtude da alimentação de redes sociais. Tal ação pode causar grande ansiedade nos usuários, que não conseguem se concentrar em suas atividades atuais, pelo pensamento no futuro, para postagens e ganho de likes, assim aumentando o ego. Muitas vezes, segundo a psicóloga, usuários procuram nas redes sociais, algo que os preencha, mesmo que se encontre algo que sane esse sentimento, a solução é passageira, pois a conexão virtual por muitas vezes não se estende a realidade.

Aline Araújo

O caso da jovem blogueira e digital influencer Aline Araújo, que após se casar consigo mesma, tirou a própria vida devido a transtornos psicológicos no dia 15 de julho foi amplamente repercutido e discutido.

Aline tinha 24 anos e era dona do perfil “Seje Sincera” na rede social Instagram. No dia 14 de julho, em seu perfil, a jovem expôs aos seus seguidores que seu casamento não iria ocorrer como planejado, pois o noivo, Orlando Costa, teria desistido do matrimônio um dia antes da cerimônia, por meio de mensagens. A blogueira não desistiu da festa, e se casou com ela mesma no dia 13 de julho.

No dia 15 de julho Aline, em seu apartamento no Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, tirou a própria vida. As postagens da digital influencer sobre seu casamento foram bombardeadas por comentários negativos, culpando e caçoando de Aline pelo ocorrido.

Sobre o caso de Aline, a psicóloga aponta que a blogueira tinha muitos seguidores virtuais, mas que em sua vida real, fora das redes, a vida é mais solitária. Mesmo comentando abertamente com seus seguidores sobre seu transtorno depressivo, a exposição que Aline tinha ao comentar e interagir com tantos perfis digitais, pode ter agravado seu quadro psicológico. 

A psicóloga não só traz um alerta aos casos como o de Aline, mas também aos agressores que lhe dirigiram ofensas gratuitas e violentas.

Comentários dirigidos à aparência e a decisão de Aline foram feitos sem vergonha, ou medo das consequências que poderiam ser causadas a uma pessoa declaradamente depressiva. Segundo a psicóloga, tal ato é movido pela grande sensação de impunidade e anonimato que as redes trazem.

Para a especialista, os agressores também não estão bem. Segundo ela, não é natural que se destile tanto ódio gratuito e sem motivos. “A fala machuca”, pontua Cleide.

Quem deferiu os comentários não pode ser culpado pelo ocorrido, mas a psicóloga diz que eles têm certa responsabilidade. Ela ainda se mostra preocupada com a crescente agressividade gratuita espalhadas nas redes sociais. Os comentários foram apagados após a morte da jovem.

Como prevenir?

O vício em redes sociais e smartphones já é tratado com uma dependência, até mesmo semelhante à dependência química. Existem meios para se policiar, e diminuir os riscos causados pelo vício em internet. A psicóloga recomenda que os pais controlem o uso de celulares e computadores de seus filhos, sempre estando cientes de suas atividades. Para os adultos, também é recomendado o uso controlado, e sempre preferir curtir os momentos reais, refletir a real necessidade de postar e estar em uma rede social, e principalmente, como pontua a especialista, “viver o aqui e agora”.

Sinais de que você pode estar viciado em celulares e redes sociais:

-Não consegue ficar longe do aparelho;

-Fica irritadiço quando está sem bateria ou sem sinal;

-Checa o celular durante a noite ou em momentos íntimos;

-Sente necessidade de postar tudo em seu cotidiano.

Serviço

Se você está passando por momentos difíceis e precisa de ajuda imediata, disque 188. O CVV (Centro de Valorização da Vida) atende todo o território nacional, 24h por dia, de forma completamente gratuita.

 

 

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