Da neurociência para indústria musical. O uruguaio Daniel Drexler nasceu em uma família de médicos e também não escapou do jaleco branco, até encontrar na música uma “forma de resiliência”, assim dito por ele. Em seu mais novo disco “Uno”, lançado neste mês de novembro, o músico apresenta “12 músicas centradas no tema unicidade, que partem de um plano mais metafísico, como observar um céu de verão, por exemplo, junto com o racional, que envolve minha profissão de médico. Foi a unificação de dois lados antes desassociados”, explica o artista.
No recente projeto, produzido no Brasil, o artista “mergulhou” em um universo percussivo e inicia uma nova fase em sua carreira, com um disco de maior sonoridade pop. O processo de criação das músicas de “Uno” aconteceu entre 2015 e 2016, segundo Daniel, durante a turnê de seu último trabalho “Tres Tiempos”, entre voos, quartos de hotel e camarins de teatro.
“As músicas do meu novo trabalho têm uma grande influência rítmica da minha cidade, Montevidéu, apresentando raízes afro-uruguaias. Por outro lado, eu encontrei uma cidade que sempre esteve presente em meu universo musical, que é o Rio de Janeiro, e o disco acabou sendo um ponto de encontro entre a música de raiz afro do Rio da Prata e o universo percussivo e harmônico carioca”, pontua.
De acordo com o músico uruguaio, as novas mudanças artísticas e pessoais são o resultado de um processo de autoconhecimento, no qual ele concluiu que o mundo dos afetos, da sensibilidade e das empatias é o realmente vale a pena, sem negar, é claro, os outros aspectos que sempre fizeram parte sua vida e contribuíram positivamente para seu universo sonoro.
A produção do CD é assinada pelo carioca Alexandre Kassin, que já trabalhou com nomes como Vanessa da Mata, Adriana Calcanhotto, Erasmo Carlos e Clarice Falcão. A ponte com Kassin foi feita por Marcelo Jeneci, cantor e parceiro de Drexler na faixa “Al Menos Un Segundo”.
“Eu encontrei uma cidade que sempre esteve presente em meu universo musical, que é o Rio de Janeiro, e o disco acabou sendo um ponto de encontro entre a música de raiz afro do Rio da Prata e o universo percussivo e harmônico carioca”
Daniel Drexler,
cantor
O artista
Ao longo de 16 anos de carreira, Daniel Drexler conta com sete álbuns. Seus primeiros CD's 'La Llave en la Puerta' (1998) e 'Full Time' (2001) foram editados em seu país. Com "Vacío" (2006), terceiro disco, Daniel Drexler ultrapassou as fronteiras do Uruguai, com turnês e distribuição do CD na Argentina, Uruguai e Chile.
Em seu último trabalho, intitulado como “Tres Tiempos”, o artista criou uma forma de dvd-livro e selecionou 13 músicas gravadas ao vivo nos estúdios Ion de Buenos Aires, junto a um livro com o substrato conceitual de seus últimos três discos de estúdio “Vácio”, “Micromundo”, que recebeu destaque na imprensa espanhola e portuguesa, e “Mar Abierto”, que foi criado a partir da ideia de que o público vê somente a ponta de um iceberg onde os outros 90% estão abaixo da superfície. Neste trabalho o artista abriu o seu processo de criação além dos acontecimentos determinantes para criação de cada um dos discos.
Em seus anos de carreira solo, Daniel vem realizando turnês em vários países da América Latina, Europa e México, e tem participado de importantes festivais. O cantor uruguaio também é o criador do termo “Templadismo” para referir-se a influência geoclimática do sul do continente americano no processo de composição de artistas argentinos, uruguaios e brasileiros sobre a criação e uma atitude criativa aberta, antropofágica e tropicalista. Hoje é um dos três principais artistas uruguaios com maior visibilidade e atuação internacional.
