Debate sobre preservação da natureza precisa ser ampliado e universalizado

EDITORIAL -

Data 19/10/2018
Horário 04:32

Atuante no Pontal do Paranapanema há três décadas, a Apoena (Associação em Defesa do Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar) já conseguiu trazer de volta ao ecossistema 40% das espécies de aves e mamíferos da Reserva Florestal do Córrego do Veado, que estavam extintos nessa região (mais especificamente 42 de 105 animais retornaram à localidade). O dado, sem dúvida, representa uma vitória e é motivo de orgulho a existência de uma entidade que atua de forma tão intensa na preservação da vida e do verde no oeste de São Paulo.

No entanto, é uma boa notícia no “micro” em meio a um prognóstico bastante assustador para o “macro. Isso porque, um relatório divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) este mês aponta para um cenário de falta de alimentos, incêndios florestais, eliminação em massa de recifes e corais, inundações em zonas costeiras, secas e pobreza, isso tudo até 2040. Esse documento - que analisou 6 mil estudos científicos - aponta que para evitar esses danos seria necessário transformar toda a economia mundial em uma escala jamais vista e numa rapidez sem precedente histórico.

O “prejuízo”, caso não haja vontade política para a adoção das medidas de contenção desse desastre, está previsto hoje na casa dos US$ 50 trilhões. Isso tudo, porque o pior prognóstico em termos de aquecimento da atmosfera (até então apontado de 2º) hoje já é inferior à previsão atualizada pelos estudiosos (de quase 3º). As notícias são ruins e infelizmente apontam para uma crise nacional, que envolverá problemas econômicos (migrações em massa, estados de calamidade e necessidade de ajuda humanitária) e também a própria transformação física do planeta – os impactos imediatos e para longo prazo ao meio ambiente.

Chegamos a um ponto no qual pensar a preservação da natureza não é mais uma possibilidade nem discurso para a educação infantil. Não são mais as próximas gerações e as crianças que salvarão o mundo, e a engenharia ambiental há tempos deixou de figurar como a profissão do futuro: é a profissão do hoje! Essa consciência de realidade precisa ser absorvida e incrustrada na mente da população para que não mais vivamos nesse mundo cor-de-rosa de faz de conta. É preciso investir recursos e mobilização em prol de entidades como a Apoena e tantas outras, mas para além disso, é urgente enxergar os fatos diante dos nossos olhos. Trata-se de universalizar os debates sobre a causa ambiental – que hoje estão limitados aos cientistas e ambientalistas - trazendo essa discussão para as filas do banco e do supermercado.

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