Eleições

OPINIÃO - Arlette Piai

Data 03/04/2018
Horário 10:34

O debate eleitoral no Brasil tem sido até o momento emocional. A análise da nossa realidade social, política e econômica não tem praticamente ocorrido, embora material para tanto não falte. Documentos do banco mundial e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) espelham uma situação de desigualdade socioeconômica afrontosa que constitui o maior gargalo para o desenvolvimento do Brasil. Constata-se hoje que uma casta de 1% de brasileiros concentra a renda de 50% da população. Tamanha concentração redundou no maior empecilho para o crescimento da economia. Segundo economistas, essa situação ocorre, principalmente, pela trava de dois pilares para construção de nações desenvolvidas: educação, o único meio que possibilita a classe menos favorecida sair do patamar que se encontra, crescer e fazer o Brasil crescer; e infraestrutura, que constitui o invisível indispensável que possibilita a produção de bens e de serviços. Somente 30% dos municípios apresentaram plano de saneamento básico ao Ministério das Cidades. Assim, sem planejamento, a grana dos impostos se perde. Afirmam ainda os estudiosos da área que foram basicamente esses dois pilares que tem conduzido a nação brasileira ao afastamento cada vez mais veloz das nações desenvolvidas.

De acordo com o historiador Jorge Caldeira, o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil já esteve entre os maiores do mundo. De 1890 a 1973 nossa economia teve a dimensão próxima a dos Estados Unidos. O fechamento da nossa economia a partir da ditadura com Ernesto Geisel, e décadas depois a partir do segundo mandato de Lula (PT), somado aos assombrosos assaltos do dinheiro público, foram as causas da desconstrução de uma economia sólida que fora conquistada ao longo do tempo. Chegamos a lamentável situação declarada por Josué de Castro: “Metade da população não come e a outra metade não dorme porque tem medo da que não come”. Ocorre ainda ao povo brasileiro a compulsão pelo “parecer”. Por exemplo: A educação é de excelência, parece, mas não é. O Brasil voltou ao patamar de desenvolvimento, parece, mas não é. Os presos políticos devolveram o que roubaram da nação, parece, mas não é. Assim, o parecer, em âmbito desde individual, ao coletivo e nacionalmente, esconde e manipula. Possivelmente, quando os brasileiros do Brasil e o Brasil dos brasileiros mostrarem suas caras, esta terra descoberta por Cabral, deixará de ser o país do futuro, “sempre”.

Ainda, o Banco Mundial sugere iniciar mudanças pela fonte básica: os impostos. O trabalhador brasileiro paga 85 impostos, contribuições e taxas; e 55% de tudo isso deriva de impostos indiretos pagos pela classe média e pobre. Assim, a montanha da grana dos mais sacrificados é transferida para a casta de 1% dos brasileiros que concentra a metade da renda nacional. Com esse quadro frente aos nossos olhos, precisamos ficar atentos ao que propõem os pretendentes à direção da nação a partir de 2018. Afinal, um povo que elege corruptos e incompetentes, não é vítima, é cúmplice!

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