Para sair da posição de uma das menos desenvolvidas, - a região de Presidente Prudente é a segunda mais pobre do Estado de São Paulo -, e caminhar em direção ao desenvolvimento, um caminho vislumbrado por associações de civis é através da diversificação do transporte regional, que predominantemente rodoviário, não encontra concorrência de empresas que, em consequência, causaria seu barateamento.
O jornal O Imparcial já noticiou os esforços da UEPP (União das Entidades de Presidente Prudente e Região) para inserir a região de Prudente à Malha Paulista, ferrovias de bitola larga que ligaria o oeste paulista a um dos maiores portos do Brasil, o Porto de Santos.
O administrador Divaldo Ceresini, 35 anos, que se autointitula civicamente engajado, também se dedica à questão, e afirma que, para antecipar a renovação da concessão das malhas do interior, a empresa Rumo, por imposição do MP (Mistério Público), deverá investir R$ 5,8 bilhões nas ferrovias, além de R$ 2,2 bilhões para renovação da outorga, com projetos que incluem a revitalização do ramal Bauru/Panorama, que passa por Parapuã e proporcionaria a construção de um novo ramal ligando a cidade a Presidente Prudente, 74 quilômetros acompanhando a Rodovia Assis Chateaubriand (SP-425) e custaria à empresa cerca de R$ 250 mil. A proposta foi apresentada à Rumo em reunião no fim de 2019.
Segundo a empresa, no entanto, nada foi decidido a esse respeito. “A concessionária recebeu o ofício e as áreas técnicas estão avaliando as reivindicações. Contudo, o documento necessita de uma análise aprofundada. Em relação ao transporte ferroviário de cargas em Presidente Prudente, todas as alternativas foram apresentadas de acordo com as distâncias de origem e destino, obedecendo aos termos indicados dentro do teto tarifário homologado pela agência. Até o momento, a empresa não recebeu nenhuma proposta comercialmente viável”.
De qualquer forma, afirma Divaldo, a UEPP e ele mesmo viajarão a Brasília (DF) para encontrar deputados federais e buscar a viabilização das propostas, algo que já foi realizado uma vez, ainda em 2019.
Sobre os modais, Divaldo afirma que organizam, também, um projeto que transforma o Campo de Marte, aeroporto em São Paulo, como um espaço exclusivo para voos do interior. Todas essas ações, ele destaca, geram concorrência entre as empresas de transporte, algo que sempre beneficia o usuário, seja com qualidade ou redução de preços.
“CIVICAMENTE
ENGAJADO”
Algo que tem tomado forma e feito a diferença em Prudente são as associações de civis que buscam, compartilhando e confrontando ideias, encontrar soluções para problemas locais. Essa tendência não é exclusiva da região, mas se prolifera no Brasil depois das desilusões políticas. Divaldo, como resposta da pergunta, “como é ser civicamente engajado em Prudente?”, disse, “É difícil!”.
A dificuldade, a qual se refere, não se relaciona com impossibilidade, mas com o desafio encontrado dia a dia. O que fazem é “não esperar a solução dos problemas pelos governos”, mas realizarem as mudanças que acreditam serem importantes. “Somos a segunda região mais pobre do Estado de São Paulo, estamos acostumados a fazer críticas, mas quem tem o direito à crítica tem o dever de participar da solução”, enfatiza Divaldo.
Ele, em conjunto com pessoas que compartilham das mesmas aspirações, mas nem sempre com as mesmas opiniões, já propuseram importantes ideias, formuladas e estruturadas, aos gestores públicos, seja ao Poder Executivo e/ou Legislativo. O combate ao aumento da taxa de iluminação pública, do qual, algumas ações o prefeito Nelson Roberto Bugalho (PSDB) acatou; a proposição da lei de transparência no IPTU (Imposto Predial, Territorial e Urbano), que foi levada ao plenário pelo vereador Ênio Luiz Tenório Perrone (PSD), que acatou inserir no imposto a fórmula de cálculo e a arrecadação total do bairro, alterações que entrarão em vigor em 2021.
Também propuseram a alteração do regimento interno da Câmara Municipal, com intensão de proibir a ocorrência de sessões secretas. “São inconstitucionais, mas previstas no regulamento da casa”, salienta Divaldo, além de uma plenária virtual para nomeação de logradouros e homenagens (para que essas discussões não tomem o tempo das mais importantes e relevantes) e a proibição da interrupção de sessões presenciais para sessões solenes. O texto dessas propostas foi arquivado.
Sempre que refere-se às ações, Divaldo fala na segunda pessoa do plural (nós). Isso porque ele participa de um grupo denominado ProLiber, criado na região de Ribeirão Preto (SP), mas que há alguns anos atua no oeste paulista com a visão de propor soluções a partir do pensamento liberal.
