É estranho pensar que de 31 de dezembro para 1º de janeiro tantas coisas mudam. Basta passar da meia-noite e o ano é outro, as pessoas tentam ser outras, mas o que nunca muda são as contas do fim e começo de ano, tão tradicionais como o peru de Natal ou as roupas brancas do réveillon. A economista Edilene Takenaka aponta os gastos para a ceia e os presentes como pontos chave do endividamento de fim de ano. Da mesma forma, IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), materiais escolares e outras despesas fixas aterrorizarão o início de 2020.
“Ah!”, um alívio, o décimo terceiro salário também virá, mas levando em conta o bate-papo com prudentinos, as coisas não estão fáceis. A pensionista Adriana Diglio, 44 anos, afirma que o décimo terceiro já tem destino certo, o pagamento de dívidas. Ela, residente em Rancharia, reclama do desemprego, queixa idêntica a de José Soares, 59 anos. Há mais de dois anos desempregado, ele depende da renda da esposa, que é autônoma, e, portanto, não tem direito ao 13° salário. “Temos um orçamento mensal, quando sobra alguma coisa vamos guardando para uma emergência”, destaca.
O mesmo dilema aflige Adriana. Para as despesas de começo de ano, ela tenta, durante o ano anterior, acumular economias, mas afirma ser “muito complicado”, devido às contas cotidianas cada vez mais caras.
ECONOMISTA DÁ
DICAS FINANCEIRAS
Edilene afirma que as famílias precisam repensar as despesas mensais, tomar cuidado com os cartões de crédito e cheques especiais, pois “no final do mês, uma pequena despesa diária, somada a outras, pode ser um grande montante”.
Para evitar os gastos excessivos de fim de ano, nas tradicionais festas, com distribuição de presentes, Edilene aconselha estratégias inteligentes, como um amigo-secreto, assim todos ganham presente, ninguém fica de fora e cada participante compra apenas um ao amigo sorteado.
Em relação ao 13° salário, a economista aconselha dar prioridade ao pagamento de dívidas, pois com o tempo elas aumentam com os juros. Sobre os gastos fixos do início de ano, Edilene dá ênfase ao planejamento financeiro e já mira em 2021. “São gastos que já estão programados, não tem como escapar. para eles, faça um cálculo das despesas do 1° trimestre e divida por 12. Em 2020, vá guardando uma parcela da renda por mês. É difícil, mas faz diferença”.
Aos já endividados e que o 13° não será de tanto proveito, a economista assinala uma alternativa: a negociação com as instituições financeiras, pedindo redução de jurus, por exemplo, já que, da mesma forma que o inadimplente quer pagar, as instituições querem receber.