Flávio Araújo pausa carreira para cuidar da saúde

Narrador de futebol, boxe, basquete e automobilismo, jornalista esportivo pretende voltar a ser colunista em breve

Esportes - JULHIA MARQUETI

Data 04/11/2018
Horário 04:55
 Cedida/ Flávio Araújo: Flávio se afastou para realizar cirurgia da catarata, mas sua intenção é retornar
 Cedida/ Flávio Araújo: Flávio se afastou para realizar cirurgia da catarata, mas sua intenção é retornar

Quem já parou para assistir o filme que conta a história de Pelé, o qual é denominado como "Pelé Eterno", e escutou a narração do centésimo gol do jogador considerado o Rei do Futebol, sabe quem é Flávio Araújo. Mas, talvez não saiba a história toda, até porque a trajetória se iniciou em 1950 e, podemos dizer, que se encontra em sua primeira pausa, por conta de uma catarata que comprometeu parte de sua visão.

Mas a pausa não é motivo para o jornalista se afastar de vez da profissão, apenas um momento para descanso. “A catarata atingiu quase que 100% a minha visão, então vou passar por uma cirurgia nos próximos dias. Depois, vamos torcer para tudo correr bem e eu poder voltar a escrever minha coluna Charanga Domingueira”, conta.

Nascido em Presidente Prudente, no ano de 1934, o jornalista esportivo que narrou fatos marcantes no futebol, boxe, basquete e automobilismo, explica que a profissão o elegeu, e não ao contrário. "Me escolheu! Eu queria, na verdade, ser cantor, eu era um ferrenho admirador de Orlando Silva, o cantador das multidões. Mas, teria que ser tão bom quanto para subir aos palcos, e isso era impossível. Então, apareceu a oportunidade de trabalhar com futebol. Foi quando apanhei um gravador pesado da época e passei a gravar jogos. Na primeira gravação eu fiquei ao lado do meu futuro companheiro, jogo da Prudentina contra o Linense, com o placar final de 3 a 0 para o Lins", se recorda, feliz, ao saber que se deu bem na profissão, mesmo que não tenha sido a sua primeira opção.

Tendo a Rádio Difusora como sua primeira casa, Flávio busca ainda mais longe na memória, quando faz menção a sua cidade natal. "Nasci e morei em um cafezal, que ficava de frente onde é o seminário. Ali havia uma casinha de madeira e meu pai, junto ao avô materno, tocava um plantio de café. Nos mudamos para a cidade pouco tempo depois, porque ali ainda era perímetro rural, a partir de então me dediquei aos estudos", conta. Os estudos que foram essenciais para chegar onde chegou e que ele considera importantes para todos, ainda mais nos dias de hoje.

Mas, antes mesmo de iniciar sua trajetória no jornalismo esportivo, Flávio foi entregador de farmácia aos 12 anos, sendo após, entregador de aviso do Banco Sul-Americano do Brasil. Em seguida, foi quando teve a primeira oportunidade no esporte, e não soltou mais. "Prestei um concurso na rádio de Prudente, fui o vencedor. Entrei como locutor comercial e logo depois comecei a treinar para transmitir futebol. Quando, em 1954, fui para o Mato Grosso, e contratado para constituir a Rádio Clube de Dourados, fundei a emissora e passei lá como gerente" lembra.

Retornando para Prudente, quando ocorreu a inauguração da Rádio Presidente Prudente, Flávio mal sabia que sua história teria uma continuação importante: agora, na capital do Estado. "Em 1957, a convite de Edson Leite eu fui para a Rádio Bandeirantes de São Paulo e permaneci até meados de 1981. Depois, passei para a Rádio Gazeta, e fui superintendente de esportes da TV e rádio da Cásper Líbero", conta.

 

Além dos gramados

Durante 10 anos, desde o triunfo de Emerson Fittipaldi, Flávio fez coberturas do Circuito Mundial de Fórmula 1. “Conto com 1.150 travessias do Atlântico. E, além disso, fui três vezes ao Japão para transmitir lutas do boxeador Eder Jofre e em 1973, todas pelo Título Mundial”, lembra o jornalista. Flávio eternizou momentos, já que além do filme de Pelé, sua voz também conta a história de um dos maiores boxeadores brasileiros. “A produção escolheu minhas narrações para a maioria dos confrontos exibidos ao longo do filme. É bom fazer parte e marcar a história de grandes nomes, até porque, podemos considerar que marcamos décadas juntos”, afirma.

 

Fora do esporte

Além do esporte, Flávio foi o único locutor convidado para participar da cobertura da primeira visita de um papa no Brasil, em 1979, e também, transmitiu a assinatura do acordo Brasil e Alemanha.

 

Comentarista e colunista

Depois de deixar o rádio, Flávio retornou para Prudente, pensando em viver como aposentado. “Comprei uma chácara, mas era muito dispendiosa e tive que voltar a trabalhar. Então fui para Campinas, não mais radiando e sim como comentarista, entre 1992 até 2002”, conta.

O jornalista não foi colunista apenas em O Imparcial, mas também no Jornal Agora, da capital paulista, onde teve que se despedir após 10 anos. “Continuei desde esse tempo mantendo a coluna no jornal, durante 10 anos escrevi uma coluna “Em Cima da Bola”, o qual é meu apelido também. Porém, tive que não renovar porque deixei São Paulo e não tinha meio de vender minha coluna, mas continuei com O Imparcial. Parei, mas pretendo voltar em meses”, c

 

 

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