Dois inquéritos foram abertos pela Polícia Civil em Dracena, após uma faculdade de Medicina do município constatar que indivíduos se passaram por terceiros durante a realização de vestibulares. Um dos homens já foi identificado, e a identidade do outro ainda é desconhecida. Eles são apontados como possíveis integrantes de uma organização criminosa que vendia vagas de ensino superior mediante pagamento. 17 deles foram detidos na Operação Asclépio, deflagrada pela polícia em Assis (SP).
Segundo informações da DIG/Dise (Delegacia de Investigações Gerais/Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes), os dois indivíduos teriam comparecido em março de 2017 a uma faculdade de Medicina onde, munidos documentos falsos, realizaram vestibulares em nome de outros candidatos, aprovados no curso. A descoberta ocorreu por inconsistência no confronto das digitais e das fotografias identificando a carteira que ocupavam no dia da prova.
De acordo com a polícia, um dos indivíduos já foi identificado como sendo um morador do Estado de Minas Gerais, o qual, inclusive, já tinha antecedentes criminais por fraudar vestibular no Estado de São Paulo. O outro “clone”, investigado também pela Polícia Civil em Assis, ainda não foi identificado.
Vendas milionárias
Parte da organização criminosa investigada pela venda de vagas em faculdades de Medicina foi detida na sexta-feira, quando 17 pessoas foram presas no Estado de São Paulo. O caso também teve repercussão em Presidente Prudente, onde a polícia deteve quatro suspeitos, sendo três homens e uma mulher.
O esquema fraudulento foi denunciado pela Fema (Fundação Educacional do Município de Assis) depois do vestibular de Medicina, ocorrido em abril de 2017. Na ocasião, a direção da instituição teria descoberto que terceiros haviam se passado por cinco candidatos e realizaram as provas. Diante disso, a Fundação Vunesp (Vestibular da Universidade Estadual Paulista), organizadora do certame, constatou inconsistências nas identificações datiloscópicas, assinaturas na folha de respostas.
O inquérito policial foi aberto e descobriu que a quadrilha atuava em três grupos: O primeiro coordenava as ações e atuava no preparo das ações, recebimento e ocultação dos proventos ilícitos. Já o segundo grupo, atuava na procura por vagas. Já o outro grupo era composto por pessoas supostamente ligadas à Universidade Brasil.
As negociações para a compra de vagas ocorriam mediante pagamento de valores entre R$ 80 mil e R$ 120 mil, dinheiro que entrava de forma parcelada ou por permuta de bens móveis e imóveis. Inclusive, 127 veículos foram apreendidos nesta semana, por suspeita de pertencerem ao grupo.
Abertura de sindicância
Em nota encaminhada ao jornal O Imparcial, a Universidade Brasil esclarece ser “vítima do esquema de fraudes”, e afirma que instaurou sindicância interna para apurar as eventuais responsabilidades de funcionários. “No final do ano passado, descobriu-se que pessoas estariam se utilizando do seu nome [Universidade Brasil] e da sua imagem para vincular à prática de venda de vagas para ingresso no curso de ensino superior”, afirma o advogado João Melke. De acordo com ele, de imediato, os fatos foram notificados às autoridades policiais por meio de boletim de ocorrência, registrado em dezembro. Desta forma, a universidade afirma que se coloca “à disposição das autoridades para prestar mais esclarecimentos e auxiliar em toda a investigação policial”.