Dúvidas sobre anticoncepcionais são frequentes entre mulheres que usam o contraceptivo. Existe um mais indicado para cada tipo de organismo? Qual a orientação antes da iniciação do uso da pílula? Pode emendar a cartela? Estas são algumas de muitas perguntas que surgem. Para isso, trazemos nesta edição a ginecologista Eloisa Andrea Droppa Medina, de Presidente Prudente, para esclarecer várias dúvidas.
Para começar, a especialista diz que existe sim uma pílula adequada para cada tipo de organismo e a indicação é feita através de avaliação medica. Não existe exame especifico para tal, mas ela orienta que, antes de iniciar o uso de uma pílula anticoncepcional, as mulheres devem sempre serem avaliadas previamente por um profissional da área capacitado, evitando, assim, de sofrer com uma série de efeitos colaterais indesejáveis.
“Não tem problema emendar a cartela. Hoje em dia sabemos que muitas patologias estão relacionadas com a menstruação, entre elas, a endometriose, responsável em grande parte pela infertilidade feminina e os miomas uterinos”, explica a médica.
Outra pergunta que é bastante comum é se existem anticoncepcionais com mais ou menos hormônios. Eloisa diz que sim, mas que não há diferença na sua capacidade de contracepção, pois existem pílulas com pequenas quantidades de hormônios muito mais eficientes do que as que têm taxa elevada.
Mito ou verdade
A ginecologista afirma ser mito dizer que anticoncepcional engorda. Segundo ela, desde que a pílula seja bem empregada, ela não fará a paciente ganhar peso, muito pelo contrário, muitas ajudam até na redução. Outra hesitação ao usar o anticoncepcional é o medo dele causar infertilidade. “Isso também não é verdade. Na realidade, o uso de métodos contraceptivos com bloqueio da ovulação fazem muito menos efeitos sobre o organismo do que o próprio ciclo, prevenindo o desenvolvimento de cistos ovarianos, endometrioses e miomas, que são patologias relacionadas com a menstruação”, expõe.
Já quanto ao cigarro, esse sim é perigoso e é verdade quando se diz que ele interfere na ação das pílulas, pois diminui a absorção de qualquer hormônio no organismo. E a relação cigarro x anticoncepcional pode aumentar o risco de derrames e tromboses. “As pílulas anticoncepcionais com estrogênio são as que estão mais relacionadas ao aumento de acometimentos vasculares por causar uma resistência às proteínas C reativas, que são anticoagulantes naturais do organismo”, acentua.
O uso da pílula pode acarretar no aumento da acne. Eloísa diz que não é verdade, porque existem pílulas, inclusive, que são indicadas para o tratamento da acne. “Também é mito dizer que consumir álcool corta o efeito do contraceptivo, porém, tanto o álcool como as pílulas anticoncepcionais orais são metabolizadas pelo fígado e isso pode sobrecarregá-lo”, frisa a profissional.
Corpo x alterações
Eloisa comenta que algumas pílulas de uso contínuo são empregadas para melhora da TPM (tensão pré-menstrual), a paciente não fazendo mais ciclos não terá oscilações hormonais e, consequentemente, não terá alterações de humor nessa fase. “Contudo, é tudo muito individualizado. Cada paciente é um indivíduo e cada organismo reage de uma maneira. Para tanto, se faz sempre necessária a avaliação de um profissional capacitado para empregar o método mais adequado para cada paciente”, reforça a médica.
A pílula anticoncepcional pode causar alterações no corpo da mulher, mas não é regra. Tudo irá depender da sensibilidade dela em relação aos hormônios e também da composição do comprimido escolhido. “Hoje existem aproximadamente 30 composições diferentes. As compostas de estrogênio e progesterona podem ocasionar em alguns organismos a retenção de líquido e isso pode facilitar o aparecimento de celulite”, explica.
Atenção!
- Pílulas do dia seguinte são pílulas emergenciais nos casos de relações desprotegidas e não devem ser utilizadas com frequência pela grande carga hormonal e pelos efeitos colaterais indesejáveis ao organismo;
- Evite tomar qualquer anticoncepcional disponível no mercado. Isso porque cada pessoa tem suas particularidades e as pílulas devem ser empregadas com indicação médica para se evitar inúmeros efeitos colaterais, como já citados o derrame e a trombose;
- As pílulas devem ser ingeridas sempre no mesmo horário, por ter uma meia vida de ação, evitando, assim, falha do método;
- Não se deve trocar as marcas das pílulas, até porque as concentrações hormonais nunca são exatamente as mesmas, e nesta troca pode ocorrer falha do método e uma possível gravidez indesejada.
