Dizem que com emoção é mais gostoso. E para quem gosta de futebol, tal expressão é válida em vários momentos. Seja num gol que não quer sair, num pênalti que não foi marcado, naquela classificação que só vai sair pelo saldo de gols ou naquela falta marcada do início da grande área, perigosa, que pode mudar toda a partida. E quando esse momento envolve um ídolo conhecido, o tremor talvez seja ainda maior. Em um desses momentos marcantes do esporte, há 10 anos, o cenário era o Estádio Municipal Paulo Constantino, famoso Prudentão. E por falar em fama, ele, o eterno centroavante da seleção brasileira - Ronaldo - estrelava aqui nos gramados prudentinos o seu retorno ao futebol profissional. Na ocasião, ou melhor, nos momentos finais de um clássico entre Palmeiras e Corinthians, ele subiu pra cabecear a bola vinda de um escanteio, marcou, empatou o jogo, deixou milhares de fãs enlouquecidos, registrou seu primeiro gol para o Timão e, de quebra, datou um dos momentos históricos para o esporte regional.
Tão histórico que, numa metáfora, a comemoração foi tamanha e levou o estádio a baixo. Metafórico porque o local continua em pé, mas real em partes. No grito da torcida, o craque foi ao encontro da mesma para celebrar o gol marcado e, como noticiado pelo próprio O Imparcial, subiu no alambrado às margens do campo, que não aguentou e cedeu.
No entanto, tempos depois, o estrago físico foi transformado em homenagem, no qual a Prefeitura, na época, colocou uma placa com a seguinte mensagem: “Homenagem ao 1º gol de Ronaldo Fenômeno com a camisa 9 do Corinthians em seu retorno ao futebol brasileiro no clássico Palmeiras e Corinthians”. Também havia um boneco que representa o jogador de costas escalando o alambrado, de 30 centímetros, mas a peça foi, de forma desconhecida, levada do local e não foi reposta.
Presentes
Mas o que o feito pretendia simbolizar, era o momento histórico daquele dia. E naquele 8 de março, o boletim informativo da época apontava um público de 44.479 torcedores. Quem esteve presente pôde ver o embate dos times paulista, Palmeiras e Corinthians, na época, respectivamente representados por Mano Menezes e Vanderlei Luxemburgo. Que terminou em empate, como noticiado por esse diário, uma vez que, aos 3 minutos do segundo tempo, Diego Souza abriu o placar para a felicidade da torcida do Verdão.
No meio dela estava Rodrigo de Oliveira, 37 anos. Mesmo torcendo contra o Timão, ele não deixa de assumir que a imagem nunca saiu da mente. “De qualquer forma, o Ronaldo é marcado por sua atuação pelo Brasil, antes mesmo do Corinthians. Então, estar no local onde ele também estava já causava uma emoção”, completa. Ele não deixa de citar que mesmo “não gostando do resultado” do jogo, foi legal estar presente.
Imagina então para quem fazia parte da torcida corintiana, como Ana Paula Sousa, 30 anos. O gosto pelo futebol veio desde novinha, que conforme ela, surgiu pelo pai. Nesse aprendizado esportivo, ela acompanhou também o nome de “craques surgindo”, como o próprio Ronaldo. “Então vê-lo naquele momento foi histórico. A imagem que tenho daquele dia na minha cabeça é ele marcando o gol, correndo em direção à torcida, a torcida se aglomerando as margens e depois o alambrado caindo”, brinca. Para a prudentina, a oportunidade foi “única”.