Iniciativas voltadas para o coletivo são forças transformadoras nos dias atuais

EDITORIAL -

Data 28/09/2018
Horário 05:30

Presidente Prudente liderou hoje uma iniciativa pioneira na região digna de dar orgulho a cada cidadão desse município. Agora, os moradores que desejarem cultivar verduras, legumes e frutas em terrenos públicos ociosos (muitas vezes utilizados como pequenos lixões de bairros) dando uma nova utilidade a essas áreas.

Pode parecer uma medida pouco significativa para muitos, mas ao analisarmos profundamente essa possibilidade – e seus impactos – podemos identificar um fator transformador poderoso: a capacidade de reconstruir a consciência de coletividade e vida em comunidade aos cidadãos.

Socialmente, nunca estivemos tão isolados quanto estamos hoje. Cada vez mais as pessoas vivem em famílias menores em suas residências, têm menos filhos e buscam fugir das aglomerações. O próprio fenômeno dos condomínios fechados, tão popular em Prudente, reverbera esse interesse por isolamento, pela vida em ilhas.

Esse contexto é uma reação à cultura cada vez mais individualista da contemporaneidade, com pessoas utilitaristas, egocêntricas e alienadas. Apesar de esse diagnóstico ser profundamente difícil de tratar sem reconstruir toda a forma de enxergar a vida (e principalmente, o outro) os sintomas se revelam sobre as pequenas atitudes do dia a dia, de modo que é também com “passinhos de formiga” que podemos levantar uma espécie de autoconsciência e reflexão sobre a atualidade.

As pessoas que vivem em comunidade (seja por ideologia, fé ou qualquer outro fator de identificação capaz de unir grupo de indivíduos) geralmente tem uma facilidade maior em sair um pouco desse ritmo mais umbiguista, colocando as necessidades do grupo acima de suas próprias demandas. Mas há, ao mesmo nesses grupos, uma grande dificuldade em estender essa noção de que o outro é um indivíduo tal qual nós somos para a totalidade da existência humana.

O mundo se configurou de um modo que retroalimenta a narrativa do “nós e eles”, levanta inimigos, bodes expiatórios e constrói muros para segregar. Isso não é novo, mas potencializado pelo contexto tecnológico dos dias atuais que facilita ainda mais a vida em uma bolha. São iniciativas como essa, do “Semeando Prudente” que retomam consciência ao significado de “público” e ao compartilhamento necessário à subsistência dos seres humanos. Esse é o caminho para ressignificar a realidade.

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