Jovens relatam demandas das escolas aos vereadores

Parlamentares de Prudente estiveram na sede do MPE, na manhã de ontem, para coletar as sugestões dos grêmios estudantis

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 15/08/2018
Horário 06:21
José Reis - Grêmios estudantis se reuniram na sede do MPE, na manhã de ontem
José Reis - Grêmios estudantis se reuniram na sede do MPE, na manhã de ontem

Semanalmente, os vereadores da Câmara Municipal de Presidente Prudente se reúnem em Plenário para discutir e apreciar projetos de leis e requerimentos que atendam aos interesses da população. Para tanto, seu papel é considerar as ideias e reclamações relatadas pela comunidade durante suas visitas aos bairros da cidade. Com o objetivo de ampliar esta relação entre legisladores e cidadãos, principalmente os mais jovens, o MPE (Ministério Público Estadual), por meio do Geduc (Grupo de Atuação Especial de Educação), promoveu, na manhã de ontem, em sua sede, um encontro entre os parlamentares e os representantes de grêmios estudantis de 46 escolas da Diretoria de Ensino da Região de Presidente Prudente. A reunião faz parte de uma série de ações realizadas pelo órgão a fim de diagnosticar os problemas que acometem a educação local e, a partir das informações levantadas, buscar soluções junto aos estudantes.

Na primeira vez em que foi realizado, o evento propôs que os membros dos grêmios relatassem qual o plano adotado pelas escolas estaduais para garantir a reposição de aulas não ministradas. Desta vez, os estudantes presentes puderam sugerir melhorias para as escolas das quais fazem parte e até mesmo aos bairros em que estão inseridas. Para o promotor de Justiça responsável pelo Geduc, Luiz Antônio Miguel Ferreira, esta foi uma oportunidade para que os alunos conhecessem a dinâmica do sistema legislativo e se aproximassem das situações políticas que envolvem a cidade. De acordo com a autoridade, as pesquisas mostram que “o eleitorado jovem cresceu significativamente”, evidenciando a necessidade de fomentar a consciência e participação política na juventude. “Não a partidária, mas a que tem origem na palavra pólis, ou seja, referente à cidade. Isso começa com um exercício simples: o diálogo e a troca de ideias”, expõe.

O presidente da casa de leis em Prudente, Ênio Luiz Tenório Perrone (PSD), esclarece que a Câmara é o lugar onde são feitas as leis que podem abrir caminho para os jovens e protegê-los. Sendo assim, nada mais justo que os jovens tenham espaço para brigar por suas necessidades e reivindicar investimentos na educação, uma vez que “os países que foram para frente são justamente aqueles que se desarmaram e apostaram no ensino”. “Vejo com bons olhos a ideia de promover essa aproximação com os jovens, pois eles estão na ponta da corrente e são os que sofrem com os efeitos dos maus investimentos. A questão é gerir bem, gastar menos em supérfluos e mais naquilo que resulte em uma educação de primeira”, avalia.

A dirigente regional de ensino, Naide Videira Braga, acredita que esse tipo de encontro é um “preparo para o exercício da cidadania”. Com o intuito de fomentar o interesse dos jovens por este cenário, o próprio currículo escolar engloba conteúdos sobre a importância da participação política e do voto consciente, sobretudo em períodos eleitorais, sempre com caráter apartidário.

Direito de voz

Para as secretárias do grêmio estudantil da Escola Estadual Professora Celestina de Campos Toledo Teixeira, Rayane Lemos Pedroso, 15 anos, e Alana Patrícia da Silva, 15 anos, o momento foi oportuno para que os alunos expusessem suas opiniões sobre os problemas que envolvem a escola e o bairro e suas principais demandas. “Considerando que moramos em um distrito, as coisas demoram mais tempo para chegar do que no centro da cidade, por exemplo. Além disso, pudemos ser a voz daqueles alunos que não estão aqui para poder opinar”, acrescentam.

Já a colaboradora pedagógica da Escola Estadual Florivaldo Leal, Esther Bonfim Negri, 16 anos, destaca que todos os cidadãos partilham da mesma democracia, portanto, é preciso que todos tenham o direito de opinar e serem ouvidos. Segundo ela, Prudente possui representantes para lutar pelos direitos da comunidade, mas é preciso que esta população transmita a eles as demandas que necessitam ser defendidas. “É de extrema importância que ouçam a juventude, pois somos o futuro da cidade e do país. O que estão realizando aqui é um exemplo de democracia viva”, argumenta.

Esther esteve no local para ouvir os demais alunos e pontuar algumas sugestões que poderiam melhorar a região onde estuda. Ela conta que, no período noturno, há muitos alunos que dependem do transporte coletivo e têm que esperar pelo ônibus em frente ao PUM (Parque de Uso Múltiplo). “Aquela é uma região muito erma e pode oferecer perigo para os alunos. Desta forma, acredito que os vereadores poderiam pensar em uma medida que trouxesse mais segurança para os estudantes”, pontua.

“Território Educador”

Ainda na ocasião, o promotor Luiz Antônio apresentou o projeto denominado Território Educador, já desenvolvido na capital paulista. A proposta da autoridade é trazê-lo para Prudente e fomentá-lo nos mais diversos espaços da cidade. Em linhas gerais, explica que o trabalho consiste em selecionar uma determinada área em torno da escola e transformá-la em um centro de referência para o bairro onde está enquadrada. “Este é um projeto que ainda habita o campo das ideias. Hoje vou plantar a ideia e propor as primeiras discussões sobre como poderíamos viabilizá-lo”, considera.

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