Justiça concede liberdade a acusados por maus-tratos e cárcere privado

Em Rosana, casal foi detido por manter uma mulher de 58 anos presa em edícula aos fundos da residência principal; polícia diz que ação ocorria há pelo menos quatro anos

REGIÃO - ROBERTO KAWASAKI

Data 09/03/2019
Horário 05:02
Cedida/Polícia Civil - Vítima estava trancada em edícula aos fundos da casa e pediu socorro aos policiais
Cedida/Polícia Civil - Vítima estava trancada em edícula aos fundos da casa e pediu socorro aos policiais

O Fórum do Tribunal de Justiça em Rosana concedeu liberdade provisória ao casal acusado por maus-tratos e cárcere privado a uma mulher de 58 anos, após audiência de custódia na tarde de ontem. O homem, 42 anos, é filho da vítima e, em companhia da esposa, 50 anos, foi preso em flagrante na quinta-feira após denúncia de familiares. Conforme a investigação, a vítima ficava trancada em uma edícula aos fundos da residência do casal, com precariedade de higiene e alimentação. A reportagem não obteve acesso aos argumentos utilizados para a soltura do casal, mas, conforme a Polícia Civil, eles responderão em liberdade durante o decorrer do inquérito.

Ao tomar ciência da denúncia, os policiais civis se deslocaram ao endereço dos envolvidos para averiguar a veracidade da informação. Ao chegarem ao local, foi necessário arrombar o portão de entrada porque estava trancado. Nas imediações da residência, constataram que a mulher estava dentro do imóvel, ocasião em que, ao ver os policiais, pediu socorro para que fosse retirada de lá. Porém, implorou para que os agentes não informassem a nora, uma vez que tem medo dela.

Conforme o delegado Ramon Euclides Guarnieri Pedrão, a mulher foi retirada do imóvel. Depois de conversar com os vizinhos, a polícia iniciou a procura pelo casal. “Por telefone, entramos em contato com o filho da vítima, que estava em Presidente Prudente, e informamos para que ele comparecesse à delegacia devido a supostas atualizações de informações sobre uma motocicleta dele que havia sido furtada. Sem saber de nada, ele e a companheira compareceram ao prédio”, onde foram informados sobre o real motivo do comparecimento.

Em depoimento aos policiais, relataram que realmente haviam deixado a vítima trancada na residência dos fundos. Segundo o delegado, o homem alegou que deixava a mãe presa porque não gostava que ela transitasse pela casa dele, a mesma resposta dada pela nora que informou “não ser obrigada a deixar a senhora entrar na residência”. De acordo com a investigação, acredita-se que a vítima passava por esta situação há pelo menos quatro anos.

Água e bolachas

O cenário encontrado pelos agentes quando entraram na casa foi de descaso. A mulher, aparentemente magra e com a saúde fragilizada, alegou estar sem almoço naquela data e que tinha como alimentação apenas um pacote de bolachas. A água para consumo seria proveniente das torneiras do tanque de lavar roupas e do banheiro. Ainda foi observado que lâmpadas da edícula haviam sido retiradas, o que deixava a mulher no escuro.

“Vizinhos informaram que levavam comida a ela durante o dia, já que afirmaram nunca ter visto os proprietários da casa retornarem na hora do almoço para fazer comida à mulher. Por outro lado, a nora negou o fato e afirmou que fazia comida para a vítima, mas, a idosa disse que isso acontece de maneira eventual”, explica Ramon. Depois de constado o crime, o casal passou a noite em cárcere, no aguardo da audiência de custódia ocorrida ontem.

Segundo a Polícia Civil, a vítima foi atendida no Creas (Centro de Referência Especializado na Assistência Social), e deverá mudar para a casa de familiares em Três Lagoas (MS). A dupla foi enquadrada pelos crimes de cárcere privado qualificado e maus-tratos.

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