Magia da leitura

OPINIÃO - Arlette Piai

Data 10/04/2018
Horário 09:07

O verdadeiro órfão é aquele que não descobriu a beleza e a estética da leitura. A magia das letras sempre esteve presente na história. Vive-se hoje numa sociedade em que a cada dia as pessoas são desafiadas em situações diversas em que é preciso compreender o mundo e ler o mundo, e tornar-se protagonista da própria vida. Tudo isso o livro auxilia e pode viabilizar. Entretanto, nos “foi imposta” uma sociedade epidérmica, que desconsidera o valor da cultura, direciona a excelência do consumismo e, para tal, conduz a condicionamentos para que as pessoas tenham necessidade perene e irresistível de “comprar coisas”.

Os condicionamentos midiáticos foram tão incorporados a ponto de se ter ouvido estudantes declararem ter vergonha de estar entre os mais estudiosos porque não suportariam ser ridicularizados como CDF (sigla nascida na década de 1960). Hoje foi suavizada com a expressão “nerd”, para definir alunos que alcançam níveis intelectuais acima média. Assim parece que, não só no Brasil, mas em quase todo o mundo ocidental, a essência foi substituída pelo supérfluo, e o “ser” pelo parecer. 

Esse quadro fora desenhado a partir da derrota do movimento de contracultura ocorrido nos Estados Unidos e Reino Unido na década de 1960 do século passado. A contracultura foi um movimento de oposição ao mundo do consumismo e capitalismo selvagem. Seus criadores enfrentaram confrontos com os dirigentes dos seus próprios países, e a reação à contracultura fora tão brutal que em uma década toda ela fora aniquilada. Pode-se considerar, assim, que a década de 1960 separa fronteiras, em todo mundo ocidental, entre o antes e o depois do movimento da contracultura. Isso porque, a partir de então, os Estados Unidos e a Inglaterra – vitrines do mundo – continuaram desenvolvendo a ciência, mas direcionada, principalmente, ao aumento da indústria bélica e ao poder.

Por outro lado, desconsideraram atividades e disciplinas escolares que conduzam à reflexão e ao pensamento crítico. Passado meio século da tomada dessa ideologia, colhe-se os frutos: os Estados Unidos que tiveram presidentes brilhantíssimos, elegeram nas últimas décadas Bush por dois mandatos consecutivos. Este com guerras “declaradas” angariou o ódio de tantos países e expos seu povo ao terrorismo, insegurança e ao medo. Hoje, Trump está no poder, também escolhido pelo povo.   

Voltando à educação e à leitura, estas constituem “a luz” do universo. Desde o momento em que o homem começou a conhecer e a compreender o mundo, sentiu que para saber e refletir existem portas que podem ser abertas. Portas que conduzem ao libertário que amplia a visão humana, porque é no livro que assenta o grande aperfeiçoamento da humanidade. No dia 23 de abril comemora-se o dia mundial do livro, data esta escolhida por ser o dia da morte dos três grandes escritores da história: William Shakespeare, Miguel de Cervantes e Inca Garcilaso de la Vega. O livro existe para que a realidade não nos destrua.

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