Melhora nos índices de aprendizagem exige esforço multidisciplinar e contínuo

EDITORIAL -

Data 23/09/2018
Horário 04:30

Mais de 85,4% dos alunos do 3º ano concluíram o primeiro semestre de 2018 com domínio das principais convenções do sistema de escrita alfabético, segundo dados da Seduc (Secretaria Municipal de Educação), referente a 1.995 crianças de 8 anos. A sondagem diagnosticou o nível de estudantes aptos para distinguir letras, sílabas, palavras e produzir escritas simples (enquadrados, portanto, no nível alfabético). Apesar de os dados serem positivos e indicarem um grande avanço na aprendizagem dos estudantes, o que temos notado com as pesquisas divulgadas recentemente é que, com o avanço dos anos letivos os indicadores têm piorado – chegando a níveis preocupantes.

O próprio Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) de 2017 demonstrou que na esmagadora maioria das cidades das 53 pertencentes região de Prudente – 49 especificamente – mais de 50% dos alunos do 9º ano estão no nível de proficiência categorizado com “insuficiente” para a aprendizagem de Língua Portuguesa (e os índices de matemática seguiram a mesma tendência). No entanto, no 5º ano o cenário foi quase inverso, com a grande maioria apresentando aprendizado satisfatório.

Dentro os fatores apontados como os principais motivadores de dificuldades no processo de alfabetização estão principalmente faltas frequentes e um quadro psicoemocional delicado devido a fatores múltiplos que interferem, ainda que temporariamente, no desempenho escolar (principalmente relacionados ao meio ambiente e ao contexto familiar).

Esse cenário demonstra como o contexto educacional no país é muito mais complicado do que aparenta ser, a um primeiro olhar. Situação de vulnerabilidade, famílias desestruturadas, abandono e negligência parental influenciam diretamente na capacidade cognitiva das crianças e, portanto, no seu futuro. Uma defasagem no início desse processo pode ser fatídica para todo o histórico escolar do aluno e, em alguns casos até irreparável.

Educar não significa apenas apresentar o conteúdo e testá-lo em provas. É muito mais do que participar de quatro ou cinco horas diárias na vida das crianças. Trata-se também de acompanhar a realidade e orientar novos caminhos, mostrar possibilidades de mudança e trazer novamente esperança para o seio familiar. É um trabalho contínuo, multidisciplinar e que não se limita apenas à vida da criança – estendendo-se também para os pais – e muito menos, se resume à algumas lições prontas e descaradas de algum livro defasado e empoeirado.

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