No mundo ocidental, a manipulação midiática propõe valores como: um corpo perfeito pelos padrões de beleza, consumismo exacerbado, viagens a lugares paradisíacos, a casa dos sonhos, o status. São manipulações para gerar lucro e preservar o sistema. No entanto, muitos creem que, ao atingir esses valores, conquistarão seus sonhos e uma vida plena. Mas, leitor, até onde as necessidades impostas pela mídia são nossas ou condicionamentos dos quais nem temos consciência?
As mídias, não obstante as partes positivas relativas às informações, constituem, por outro lado, armadilhas que conduzem a uma vida vazia. O ser humano é um contínuo “vir a ser”, e mudar é difícil, conduz a vivências dolorosas. No entanto, podem levar ao crescimento humano - o cosmo conspira para tal. As contínuas frustrações do dia a dia fazem parte da vida humana e como disse o grande Rubem Alves: “ostra feliz não faz pérolas”. O filósofo grego Aristóteles dizia que a “bílis negra” determina os grandes homens. A reflexão aristotélica é que a melancolia ou tristeza é uma maneira importante de transcender e gerar sabedoria.
Até onde as necessidades impostas pela mídia são nossas ou condicionamentos dos quais nem temos consciência?
De acordo com um levantamento da Universidade Federal de São Paulo, um terço da população brasileira apresenta sintoma depressivo, isso sim, é grave. Segundo o sociólogo Bauman, a depressão ocorre principalmente pelo materialismo dominante, pela falta de solidez dos valores humanos, pelo egoísmo e falta de sensibilidade com o outro. Atitudes essas bastante comuns nos dias atuais que conduzem a relações cada vez mais descartáveis, vida vazia e à ansiedade.
É difícil, mas necessário que cada um de nós sejamos senhores e não escravos dos nossos próprios pensamentos, porque estes geram sentimentos que podem conduzir ao bem, como também à tristeza, à violência, à depressão, ao ódio. É, de fato, a nossa vida psíquica que determina nossos sentimentos e consequentemente nossas ações. Somente com a mudança de cada um, o mundo pode atingir resquícios de paz. Como disse o papa João Paulo I: “A paz exige somente quatro condições: verdade, justiça, amor e liberdade”.
