Neusa Matos: voz a serviço do bem

A reportagem como gênero do jornalismo informativo capaz de contribuir para as transformações sociais através da influência na mídia em todos os setores

PRUDENTE - HOMERO FERREIRA

Data 15/03/2020
Horário 08:16
Weverson Nascimento - Neusa Matos vê rádio como veículo firme e forte, sobretudo em tempos de fake news
Weverson Nascimento - Neusa Matos vê rádio como veículo firme e forte, sobretudo em tempos de fake news

Neusa Matos está entre as figuras mais populares de Presidente Prudente, não somente por seus programas de estúdio no rádio, mas pela atuação como repórter que transita em todos os setores, inclusive dando voz e vez à população menos favorecida. É quem cuida dos familiares e ainda tem tempo de dedicar-se às causas sociais pelo Rotary Cube Rosa dos Ventos. Ajuda a manter firme a banda do empoderamento feminino, pela BPW (Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais).

Nascida em 18 de outubro de 1964, em Osvaldo Cruz, quando recebeu o nome de Neusa Fernandes de Matos e a qual acrescentou o Manzano do marido Vinícius, com quem namorou nove anos e está casada há 16. A quinta de sete filhos dos agricultores Francisco Fernandes Matos e Ana Rita Jesus Matos tem cinco irmãos vivos: Osvaldo, Maria, Lurdes, Gerson e Marcos, sendo que perdeu Oscar atropelado aos 18 anos de idade, em 1977, quando se mudaram da fazenda para a cidade. Seu pai faleceu em 2012, após nove meses de luta contra o câncer, na Santa Casa de Prudente.

Sua mãe está com 83 anos de idade. Neusa tem o filho-sobrinho Eduardo Vieira de Matos, que mora com ela desde criança e agora estuda inglês e se prepara para o vestibular, possivelmente de Direito. Já de sua própria infância, as lembranças mais remotas são dos tempos das brincadeiras de roda às noites, ao luar. Fez o primeiro ciclo do ensino fundamental na escola rural do bairro Água Dez, num tempo que plantaram horta para suprir a falta de mantimentos da merenda escolar.

O segundo ciclo foi na cidade, na escola que leva o nome do fundador: o suíço Max Wirt. Naqueles tempos o Hino Nacional era cantado uma vez por semana e fazia parte do civismo também praticado nos desfiles de aniversário da cidade no dia 6 de junho, atualmente com 78 anos. Fez o ensino médio na Escola Duque de Caxias. A formação de radialista foi no Senac de Guarulhos e a de jornalista na Faculdade de Comunicação Social da Unoeste, em Prudente.

DESPERTAR PARA

A COMUNICAÇÃO

Sua relação com o rádio começou muito cedo, ainda criança na fazenda. Seus pais acordavam antes do raiar do sol e ligavam no programa do Zé Bettio (1926-2018), o maior comunicador sertanejo do Brasil em todos os tempos. Seu jeito de falar era altamente sensorial, estimulador do diálogo mental entre locutor e ouvinte, de tal modo que Neusa sentia que era para ela, então com seis anos, que ele mandava beijo no rosto das minas do Brasil e assoprava os cabelos.

Essa magia do rádio, com imagens do tamanho da imaginação de quem ouve, tomou conta não somente de sua infância, mas da vida toda. São imagens de dimensões infinitamente maiores que as da televisão, restritas às polegadas. Aos 20 anos viveu a experiência de falar pela primeira vez no rádio, na transmissão do carnaval, quando fazia o curso no Senac em Guarulhos. Ao concluir, voltou para Osvaldo Cruz e encontrou emprego em Adamantina, cidade a 28 km.

Foi na Rádio Jóia, emissora que pertencia ao Grupo Rede, que tinha a empresa concessionária de energia Caiuá. Ao lado de Alvacir Gomes, em oportunidade dada pelo gerente José Carlos da Silva, apresentou o Bom Dia Repórter, às 11h. Foi lá que teve oportunidade de entrevistar o mais famoso locutor de rodeios de todos os tempos, o regentense Antônio José de Souza (1948-1992), conhecido como Zé do Prato e considerado pelo cantor Sérgio Reis como o “Pelé” da narração neste segmento.

Trabalhou em Adamantina de 1988 a 1989, mesmo ano em que conseguiu emprego na Rádio Prudente, como repórter. Em 1991, foi para a Rádio Comercial e sua carreira deslanchou com Osvaldo Torino no comando do Jornal das Sete e do Patrulha Comercial, respectivamente de manhã e na hora do almoço. Naquela época, substituiu o jornalista Altino Correia, que tinha quebrado o braço, por quase 1 ano como repórter da TV Bandeirantes – Canal 10 de Presidente Prudente, hoje Band Paulista.

ESSÊNCIA DO

JORNALISMO

Em 1993, voltou para a Rádio Prudente, onde foi a dona das tardes produzindo e apresentando o programa Microfone Aberto, com mais de 20 anos fazendo jornalismo de qualidade, especialmente prestando serviços. Nunca deixou a função de repórter, possivelmente a mais essencial do jornalismo, tendo sido também coordenadora do departamento. Saiu em 2017 e no seguinte retornou à Comercial, onde apresenta o Comercial Acontece, de segunda a sexta, das 16h às 17h.

Nessa trajetória teve ainda a atuação na TV Cabo, com programa seu. As coberturas jornalísticas foram muitas e na reportagem viveu momentos marcantes, como o de estar entrevistando por telefone Diolinda Alves, então esposa do líder sem-terra José Rainha Jr, quando policiais bateram em sua porta, para prendê-la primeira vez. Não foi apenas coincidência, foi resultado do faro de repórter que, intuitivamente, sabe quando um fato importante está por acontecer.

Quando do ataque terrorista ao World Trade Center, no fatídico 11 de setembro de 2001, Neusa localizou e entrevistou o professor pesquisador Bernardo Mançano, da Unesp, que estava nos Estados Unidos e que poderia ter morrido, pois iria às Torres Gêmeas, como era chamado o complexo empresarial, na manhã daquele dia. Porém, tomou vinho na véspera da tragédia, dormiu além do programado e perdeu a hora. Quando acordou, as gigantes torres estavam devastadas, em chamas.

Foi para Neusa que o juiz corregedor Antônio Machado Dias (1955-2003) concedeu a última entrevista de sua vida, dizendo que acreditava na ressocialização de presos, na semana anterior à sua execução, no dia 14 de março de 2003 (ontem fez 17 anos), pelo crime organizado. O áudio da entrevista foi utilizado por outros veículos, inclusive em matérias de televisão com veiculação em rede nacional. Fato é que a repórter Neusa Matos fez e continua fazendo a diferença.

O rei da música no Brasil, Roberto Carlos, e a dupla Chitãozinho e Xororó, estão entre os famosos entrevistados por ela, além de personalidades de várias outras áreas, incluindo o segmento político. Todavia, seu encantamento profissional é entrevistar o povo, como tem em áreas públicas, onde abre o microfone ou liga o telefone celular para dar voz e vez às pessoas, sobre as suas necessidades e seus anseios, muitas vezes transformados no ponto de partida de novas políticas púbicas.

No campo social, é sócia-fundadora do Rotary Club Presidente Prudente Rosa dos Ventos e lá está desde 2006, atual presidente deste clube de mulheres que desenvolve  projetos comunitários na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Jardim Monte Alto, e no bairro Vale das Parreiras, onde o Projeto Luz atende adolescentes encaminhados para a Casa do Menor Aprendiz. Também luta pela autonomia, poder de decisão e participação feminina em todas as áreas.

Essa sua atuação corre junto à BPW (Associação de Mulheres de Negócio de Presidente Prudente), da qual foi presidente na gestão 2013/2014, quando esteve à frente de várias ações e uma delas foi mobilizar mais de 800 pessoas na palestra realizada na Apea (Associação Prudentina de Esportes Atléticos) com a empresária Luiza Helena Trajano, empresária que transformou uma rede de lojas do interior paulista em uma das maiores redes e marcas do país que é o Magazine Luiza.

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