Nomeando sensações

É preciso nomear nossas sensações. Muitas vezes não nos conhecemos. Não temos identidade. Desconhecemos nosso mundo interno ou psiquismo. E ele é povoado de sensações difíceis de lidar, elaborar, enxergar e de administrar. Muitas vezes nos perdemos em meio a essa rede de interrogações. Toda vez que ficamos nesse patamar parados, perdidos e sem direção, nos tornamos vulneráveis e presas fáceis para ser ludibriadas.

Atraímos pessoas que muitas vezes poderão ajudar ou prejudicar. Estamos diante de uma realidade muito cruel, onde os frágeis e desamparados estão tornando-se vítimas. Os idosos atraem bandidos que ficam igual urubu esperando a carniça.

Certa vez um pecuarista contou-me que quando o bezerro nasce, os urubus ficam todos próximos com a finalidade de cegá-lo para, em seguida, morrer de fome, cegos não localizam as tetas da mãe-vaca. Daí eles vão e devoram o bezerro. Crianças atraem com sua espontaneidade, pedófilos a espera de um momento de vulnerabilidade dos pais. Mas não são somente os idosos ou as crianças que sofrem abusos. Todos nós podemos vivenciar momentos em que ficamos entregues ao outro em decorrência de vários fatores.

Perdas, lutos, desemprego, infância traumática, abuso sexual, traumas diversos, divórcio dos pais, enfim, múltiplos fatores poderão influenciar na personalidade e muitas vezes desencadeiam transtornos que levam ao profundo desamparo.

Freud nos fala que para esquecer os traumas, é preciso lembrar-se deles. Temos que procurar ajuda com profissionais éticos, idôneos, de senso humanitário, extrema responsabilidade e empatia. Acreditem: não tem magia! Não existe bruxaria, poção mágica, feitiço, numeróloga, pedras com energia, chás, massagens, etc. O que existe é que temos de encarar o problema de frente. Enfrentar a realidade. Temos de assumir o que fazemos. Administrar nossas atitudes. Elaborar nosso crescimento.

Em momentos de extrema fragilidade, tornamos nosso mundo interno “vazio” ou “oco”, ocasiões em que possa surgir entrada para oportunistas. É inerente que surjam durante nossa trajetória de vida, espaços vazios em que precisamos elaborar. Espaços de dores emocionais. Assim sendo, aprendemos a não deixar espaços para “o bandido” entrar. Nem sempre teremos “xerifes” para nos proteger. Temos que nos fortalecer e nos tornarmos o nosso “xerife” interno de cada dia.

Quando somos internamente fortalecidos, ego integrado e um bom autoconhecimento, não permitimos que situações do mundo de fora nos invada e tome conta. É preciso pensar antes da ação. Exatamente como nosso sistema imunológico funciona. Com a resistência baixa, ficamos com nossa porta de entrada aberta para as piores bactérias.

Fiquem atentos com alguns profissionais e pessoas extremamente complacentes ou semi-deuses. Na dúvida, sempre ouça uma segunda opinião. A fé é muito importante. Ter esperanças é vital. Fiquem atentos com pessoas que chegam de mansinho, telefonemas estranhos, com pessoas vendendo felicidade. Há profissionais vestidos de pele de cordeiro prometendo o mundo, desconfiem. Não há milagres. Reforce suas emoções. Reforce seu mundo interno. Fique de bem com você mesmo. Apresente-se a si mesmo. Não fique estranho consigo próprio.

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