Pelo menos três cidades da região atestam falta de estoque de vacina

Imunização é indicada para prevenção da tuberculose e é administrada logo após o nascimento; Presidente Epitácio, Presidente Venceslau e Teodoro Sampaio apontam falta

REGIÃO - THIAGO MORELLO

Data 11/07/2019
Horário 05:59

A BCG (Bacillus Calmette-Guérin) é uma vacina indicada para prevenção da tuberculose e é normalmente administrada logo após o nascimento do bebê, ou na primeira oportunidade possível. Ocorre que em pelo menos três cidades da região de Presidente Prudente, como apurado pela reportagem, o efetivo tem sido inviabilizado, uma vez que a falta do medicamento foi atestado. Pelo menos esse é o caso de Presidente Epitácio, Presidente Venceslau e Teodoro Sampaio.

Na primeira cidade citada, o secretário de saúde de Epitácio, Miquéias Alves de Oliveira, diz que está em contato constante com o grupo de Vigilância Epidemiológica de Presidente Venceslau, que é a regional. De acordo com ele, o informativo é de que assim que for restituído o estoque de vacinas, os municípios serão avisados. A reportagem também tentou falar em Venceslau, mas não conseguiu contato até o fechamento desta edição.

Ainda segundo o secretário de Epitácio, quando a situação for normalizada na cidade, os postos de saúde e ESFs (Estratégias de Saúde da Família) farão buscas de todas as crianças que não foram vacinadas e as famílias serão notificadas para realizarem a imunização.

Já em Teodoro Sampaio, o prefeito Ailton César Herling (PSB) também confirma a mesma situação por lá. De acordo com o chefe do Executivo, a cidade lida com a falta de vacina desde 1º de julho, e aguarda a regularização, isto é, o abastecimento junto à Secretaria de Saúde do Estado, que é quem recebe as doses do Ministério da Saúde para depois fazer a distribuição.

Em nota, o governo estadual reforça que a responsabilidade da aquisição e distribuição de vacinas, como a BCG, é da União, responsável também pelas diretrizes de aplicação e distribuição das doses. O Estado apenas redistribui para os municípios, à medida que os lotes chegam a São Paulo. “No último mês, o envio das doses pelo órgão federal para São Paulo tem sido irregular e em quantidades insuficientes, impactando na redistribuição. Até que haja regularização pelo Ministério, o Estado está buscando o remanejamento entre regiões”, pontua.

Ministério da Saúde

Por sua vez, o Ministério da Saúde informa que mantém a distribuição de vacinas em todo o país e trabalha na regularização dos estoques quando há necessidade, em casos pontuais. Em nota, o órgão atesta que foram enviadas, neste ano, mais de 4,1 milhões de doses da nota BCG aos Estados. “O quantitativo autorizado no mês de julho foi reduzido devido à parte do estoque que ainda se encontrava em análise pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde [INCQS]”, completa.

A medida visa manter o controle e segurança das vacinas que são disponibilizadas para a população nos mais de 40 mil postos de vacinação de todo o país, segundo o Ministério. E para a otimização das doses disponíveis, a orientação é que, nos municípios com baixo de estoque da vacina, os profissionais de saúde façam o agendamento da vacinação, considerando que o prazo de validade da BCG após o preparo é de seis horas.

À reportagem, a Prefeitura de Pirapozinho, ao ser questionada, respondeu não sofrer com a falta de vacina, por adotar o esquema de agendamento, como orientado pelo órgão federal. “Toda quarta-feira as crianças são imunizadas”, frisa. O mesmo ocorre em Prudente, que segundo a municipalidade, é feita de maneira programada, “para que não haja desperdício e, dessa forma, o estoque possa atender à demanda”.

Impactos da falta de imunização

O infectologista José Wilson Zangirolami, de Presidente Prudente, entende que a falta de vacina e, consequente, imunização, é preocupante, pois colide com um aumento nos casos da doença, ao analisar um cenário nacional. Para ele, é difícil mensurar quais os efeitos reais, mas ele ocorreriam a longo prazo. “É importante frisar que, na ausência da vacina, não existem um plano B. A imunização é a única forma de prevenir as formas que a tuberculose age de maneira mais grave”, orienta.

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