Pesquisa eleitoral pode alterar investimentos, expõem economistas

Especialistas dizem que especulações políticas atingem mercado financeiro, refletindo em setores externos e internos no país

Eleições - IZABELLY FERNANDES

Data 28/10/2018
Horário 04:42

Além de mudanças significativas na gestão do país, as eleições também possuem ampla influência sobre o setor econômico, tanto do mercado interno, como externo. As políticas de macroeconomia e até mesmo as pesquisas eleitorais podem alterar o fluxo de investimentos, pois, de acordo com o economista Wilson de Luces Fortes Machado, cada candidato está vinculado a um grupo econômico que direciona o setor. Ele explica que qualquer especulação eleitoral atinge o mercado financeiro, movimentando a esfera econômica. Já no segmento interno, as eleições podem interferir em relação a possíveis inseguranças dos consumidores, interferindo na geração de emprego e renda na sociedade.

O especialista fala que um local muito sensível a essas interferências eleitorais é a Bolsa de Valores. “Ela possui uma resposta imediata, com um retorno diário, pois acaba reagindo até mesmo com as pesquisas de votos”. Já dentro da economia de produção, ou seja, em investimentos concretos, como maquinários, insumos, imóveis, equipamentos, entre outros, o economista explica que a interferência é mais significativa, pois devido à possibilidade de retorno ser mais “demorada”, os investidores tendem a ter mais insegurança. “Quando há um cenário político muito instável, como este que estamos presenciando, o fluxo de produção diminui, pois empresários e investidores deste setor acabam receosos pelo clima da incerteza”, declara.

De acordo com o economista Túlio Barriguela, o Brasil está passando por uma readequação de “pós-crise”, a qual acredita ter sido causada por políticas públicas e econômicas e pelo processo de impeachment que ocorreu há dois anos. “Com isso, o mercado internacional financeiro deixou de investir no país, causando consequências que são sofridas até hoje”. Ele explica que estamos passando por um momento “divisor de águas” no cenário político, mas que essas dúvidas do futuro não estão agradando os mercados interno e externo. “O Brasil tem hoje uma das taxas de juro mais altas do mundo, que atrai investimentos externos para um rendimento mais alto. No entanto, por incertezas políticas, esse investimento vem diminuindo consideravelmente”, salienta.

Mercado interno

O período eleitoral também interfere no mercado interno, pois, devido à instabilidade econômica, a moeda circula timidamente, também decorrente de medos e incertezas. Túlio fala que isso acaba diminuindo o número de contratações, e, por consequência, o desemprego aumenta. “A incerteza faz com que o mercado externo não invista no Brasil, resultando em diminuição de renda e consumo”, afirma. Ele ainda fala que um dos principais exemplos de instabilidade politica deste ano, que foi a greve dos caminhoneiros, fez com que o PIB (Produto Interno Bruto) tivesse uma queda no crescimento, estimada em até 1,5%. “A gente tinha a expectativa de que o Brasil cresceria 2,5% neste ano, mas essa ocorrência fez com que crescesse apenas 1%”, conta.

Já Wilson fala que enquanto não houver uma definição política no país, a tensão no mercado financeiro irá continuar. “Assim que anunciarem uma equipe econômica, os empresários, investidores e consumidores vão poder ficar cientes do rumo da economia do Brasil. Enquanto isso não acontecer, ninguém vai arriscar”, afirma.

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