PIB regional apresenta 3º pior desempenho no Estado

Fundação Seade avaliou os setores da indústria, serviços e agropecuária e a variação na região de Prudente ficou em 1,3%

REGIÃO - GABRIEL BUOSI

Data 14/11/2018
Horário 04:01
Marcio Oliveira - PIB do setor agropecuário teve o segundo melhor desempenho na região de Prudente
Marcio Oliveira - PIB do setor agropecuário teve o segundo melhor desempenho na região de Prudente

O PIB (Produto Interno Bruto) da região de Presidente Prudente, de acordo com a Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), teve a terceira menor evolução se comparado com outras 15 regiões administrativas do Estado de São Paulo. Segundo o levantamento, a variação de 1,3% na 10ª RA (Região Administrativa), que é a região de Prudente, fica à frente apenas das regionais de Ribeirão Preto e Araçatuba, mas atrás de outras 12 RAs e da Região Metropolitana de São Paulo. O período em análise são os 12 meses que vão de junho de 2017 a junho de 2018, comparados com os últimos 12 meses anteriores à data. De três setores, indústria, serviços e agropecuária, o primeiro deles foi o que apresentou o melhor desempenho (2,2%), o que, segundo o diretor regional do Ciesp/Fiesp (Centro das Indústrias e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Wadir Olivetti Júnior, pode estar associado à produção alimentícia e de couro. “Para números ainda melhores, é preciso investimento na região, principalmente na área tecnológica e de desenvolvimento”, avalia.

A Fundação Seade não divulgou os valores exatos para a variação de 1,3% no PIB regional, mas deixou claro que ele aumentou em 15 das 16 regiões do Estado de São Paulo. Em nível de comparação, o PIB paulista cresceu 2,7% no acumulado dos quatro trimestres terminados em junho de 2018, ou seja, 12 meses anteriores à data, sendo que em 12 regiões o avanço alcançado superou o da economia brasileiro no mesmo período (1,4%), que não é o caso de Presidente Prudente. O único valor divulgado, no entanto, é o montante registado no segundo trimestre deste ano, que somam R$ 6,1 bilhões.

“No que se refere ao PIB regional, somente a RA de Araçatuba registrou variação negativa [-2,2%], enquanto as demais 15 regiões apresentaram resultado positivo. Das quatro regiões do grupo mais industrializado do Estado, apenas a Região Metropolitana de São Paulo, com crescimento de 2,3%, não superou a média do Estado, sendo que outras três ultrapassaram essa média – Sorocaba [6,1%], Campinas [3,8%] e São José dos Campos [3,8%]”. Ainda segundo a Fundação Seade, nas regiões com maior peso do agronegócio, o que inclui Presidente Prudente, o desempenho no setor foi inferior (1,7%) ao do Estado (2,4%). Três setores foram avaliados para os resultados, sendo o da indústria, serviços e agropecuário.

Desempenho local

Para o diretor regional do Ciesp/Fiesp, a variação de 2,2%, melhor para a região de Presidente Prudente, não deve ser analisado como um fator único, mas de um conjunto de atividades que não destacaram a região, mas poderiam ser melhores. “Podemos lembrar que a indústria vem se solidificando na região ao longo dos anos, e certamente nos últimos 12 meses até junho, período em questão, foi melhor do que os 12 meses anteriores, pois aquele era o momento em que o país ainda enfrentava os reflexos da crise. O setor está em uma luta e buscando para sair dela da melhor maneira possível”. Questionado sobre os setores que podem ter ajudado, ele se lembra dos alimentícios e o de couros, mas ressalta que falta investimentos em tecnologia para a área, bem como em infraestrutura e logística para o escoamento da produção.

A agropecuária, por sua vez, teve 1,7% de variação no período, o que a coloca entre o melhor e o pior desempenho para a 10ª RA. De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Presidente Prudente, Carlos Roberto Biancardi, por tradição e por formação econômica da região, a agropecuária sempre teve papel fundamental para o desenvolvimento local, de modo que o setor se transformou em um “sustento” para a economia nos últimos anos.

“Alguns produtos se destacam neste período, como a soja e o algodão, mas ressalto ainda a pecuária, que é forte no oeste paulista. De qualquer forma, é preciso que haja investimentos, pois nos últimos anos houve uma defasagem, principalmente no valor da arroba do boi, que está represado e impede a capacidade de investimento na área”, ressalta o sindicalista. Além disso, ele destaca os conflitos de terra na região do Pontal do Paranapanema que, ao longo dos anos, pode ter tirado a confiança de produtores para investimentos.

Já em relação ao setor de serviços, pior desempenho na região, o gerente regional do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), José Carlos Cavalcante, afirma que o PIB da região, independente dos setores, sofreu certa retração por causa da estagnação política, o que certamente teria afetado os negócios locais pela baixa geração de renda. “Esse é um setor muito sensível em relação à demanda, logo, sofreu com os reflexos dessa estagnação”. Por fim, ele lembra, no entanto, que as melhorias nos números estão mais ligadas às tomadas de decisões do governo federal do que do Eseadual ou local.

Variação do PIB na região de Presidente Prudente 
Região PIB Indústria Serviços Agropecuária
Região Administrativa Central 3,7 6,7 2,1 0,3
Região Administrativa de Araçatuba  -2,2 -11,4 -0,2 1
Região Administrativa da Baixada Santista  2,1 14,4 -1,9 18
Região Administrativa de Barretos  2,6 1,2 3,5 -1,5
Região Administrativa de Bauru 2,2 6,4 0,2 0,6
Região Administrativa de Campinas  3,8 6,1 2,5 2,4
Região Administrativa de Franca 1,3 0,5 0,5 22,3
Região Administrativa de Itapeva 5,5 0,5 1 19,2
Região Administrativa de Marília 1,7 3,4 1,4 -0,5
Região Administrativa de Presidente Prudente 1,3 2,2 0,4 1,7
Região Administrativa de Registro 3,9 10,6 0 17,3
Região Administrativa de Ribeirão Preto 0,4 -2,2 0,9 -3,5
RA de São José do Rio Preto 1,7 3,3 0,9 1,1
Região Administrativa de São José dos Campos 3,8 3,3 3,9 7,9
Região Administrativa de Sorocaba 6,1 11,6 3,3 1,1
Região Metropolitana de São Paulo 2,3 0,6 2,3 -14,7
Fonte: Fundação Seade        
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