Desde 2008, das cores das tintas óleos que utiliza para pintar seus quadros, Odete Pereira de Souza, aposentada, 73 anos, consegue, além de um sustento extra, um novo caminho para continuar a viver e sentir alegria. Após problemas em seu casamento, ela encontrou um curso de pintura, que fez com que a artista se mantivesse com forças para seguir e superar os desafios. Em sua humildade ela abre um pouquinho de sua história.
Há quanto tempo você se dedica à arte?
Desde 2008, quando eu descobri um curso de pintura aqui na cidade e eu estou até hoje nele. Eu descobri esse curso depois de ter entrado em uma depressão profunda e precisar de algo para tirar alguns pensamentos da minha cabeça. Antes de pintar eu era funcionária pública, trabalhava na prefeitura.
O que fez a senhora entrar nessa carreira?
Eu tinha problemas com meu falecido marido. Descobri muitas coisas relacionadas a dinheiro e outras mais. Ele me deixava muito mal e eu desenvolvi uma depressão profunda. Um dia eu procurei um núcleo de ajuda à mulher onde eu acabei conhecendo o curso de pintura. O curso e o hábito de pintar me ajudaram muito, me deixa alegre, feliz.
O que você gosta de pintar? Quais são suas inspirações e referências?
No começo eu pintava baseada nas revistas de arte que eu estudava. Hoje, eu pinto as coisas que eu observo. Quase tudo aquilo que eu vejo e acho belo, mas também muita coisa vem da minha cabeça, da minha criatividade.
Eu pinto florestas, montanhas, rios, paisagens em geral. Ainda não pintei bichos e pessoas, mas quero fazer algum curso ou aula para aprender e pintá-los.
Quantas obras você já fez?
Olha, eu não tenho uma base, porque eu sempre pintei e vendi eles. Mas, já foram muitos, isso eu sei, porque eu consegui reformar minha casa só com o dinheiro da venda dos quadros. Eu acho que já pintei em volta de 300 a 400 quadros. Às vezes eu vendo, mas eu também doo.
Por que a senhora ainda continua pintando?
Eu continuo pintando porque é uma distração para mim. Me ajuda muito, porque se eu não estou pintando eu penso em muita coisa que eu não devo. Outra coisa, é que eu sou aposentada, você sabe, né? A aposentadoria é pequena. Então, meus quadros são uma forma de reforço na minha renda.
Você pretende parar de pintar algum dia?
Eu pretendo continuar até quando eu tiver condição de comprar as tintas e os materiais para isso. No momento eu estou um pouco parada, porque eu estou sem materiais, mas tenho uns 28 quadros para vender aqui.
A senhora expõe?
Eu coloco na minha varanda mesmo, então eu só consigo vender para as pessoas que passam por aqui. Às vezes, passam alguns que compram bastante para levar e vender em outras cidades, isso às vezes acontece.
O que a senhora sente pintando?
Eu sinto um alívio muito grande! Eu sinto como se estivesse viajando nas nuvens. É algo assim, que eu me esqueço de tudo, às vezes esqueço até de comer, porém eu tenho 73 anos, e não tomo remédios. Isso tudo me liberta das preocupações.
É uma grande alegria eu poder pintar, e eu tenho certeza de que meu quadro alegra o lugar onde ele estiver pendurado. Eu fico muito feliz em ver meu trabalho reconhecido.
Serviço
Odete expõe e vende seus quadros em sua casa, que fica situada na Rua Jorge Gushiken, 181, no Jardim Cinquentenário, em Presidente Prudente.