Pluralidade de candidaturas pode ser entrave para representantes regionais

EDITORIAL -

Data 16/08/2018
Horário 06:03

Mais uma vez a possibilidade da região de Presidente Prudente permanecer com um número extremamente reduzido de representantes no parlamento estadual, e talvez nenhum no âmbito federal, assombra os munícipes do oeste paulista. Isso porque, conforme noticiado hoje, são pelo menos 39 nomes de candidatos confirmados em suas convenções partidárias para o pleito deste ano, no intuito de lutas pelas demandas locais por meio do Poder Legislativo.

Todos os anos, campanhas são realizadas para conscientizar o eleitor sobre a importância do voto – sobretudo, nos representantes que realmente conhecem as necessidades regionais – mas aparentemente, sua eficácia tem sido limitada. Isso porque os próprios postulantes a deputado optam por manter suas candidaturas individuais em lugar de formar alianças e coalizões que tragam maior força política e capilaridade, viabilizando mais chances de sucesso no pleito de outubro. Neste cenário, o eleitorado é levado a acreditar que os líderes políticos da região são mais levados por um desespero ou insegurança de perder espaço no cenário, talvez um pouco de ego também, agindo em prol de seus interesses pessoais e não da população.

É inquestionável que, para um candidato conhecido, próximo, acessível ao eleitor, acaba sendo bem mais fácil exigir respostas e prestação de contas a respeito de sua postura como legislador. Faz parte do jogo, visto que os políticos “de carreira” têm o costume de continuar próximos a sua base de eleitores em constante campanha para estabelecer uma fidelidade em relação aos votos, já pensando sempre em um pleito posterior. No entanto, a motivação da reeleição em si já traz consigo ressalvas, indicando que o propósito seria de manter-se no poder, preservando regalias e privilégios, algo muito relacionado à “vida fácil” que é geralmente associada à vida pública.

Infelizmente, em um país onde os magistrados dão a si mesmos um aumento de 16% em meio a uma grave recessão econômica da qual o país ainda não se recuperou, acaba sendo difícil desconstruir o estigma de “bon vivant” para quem é “sustentado” com recurso público.

É urgente que nessa eleição imbuída de falta de credibilidade e confiança nas instituições, os eleitores tenham a coragem de ir além da sua situação de comodismo. Muitos partidos fisiológicos e políticos corruptos recebem votos apenas porque “já estão lá” ou são considerados “dos males, o menor”. É tempo de deixar de enxergar candidaturas menores como falidas e sem possibilidade de sucesso. Há sempre espaço e possibilidade de transformação social, mas para que esse fenômeno se inicie é preciso antes um trabalho incansável, insistente, resistente e de formiguinhas. No passado, a humanidade acreditou que pequenos passos poderiam significar grandes avanços. Passou da hora de reavivar essa esperança.

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