População deve cobrar reativação da ferrovia e cumprimento de obrigações

EDITORIAL -

Data 05/05/2018
Horário 10:39

Mais de três anos após o MPF (Ministério Público Federal) buscar na Justiça a execução de um acordo judicial firmado com a Rumo ALL (América Latina Logística) há quase uma década, o MPE (Ministério Público Estadual) decidiu, felizmente, entrar nessa “briga”. A empresa, concessionária responsável pela malha ferroviária regional simplesmente decidiu parar de cumprir suas obrigações em 2012, permitindo que os trilhos ficassem em completo estado de abandono, sem nenhuma utilidade.

Essa pressão dos órgãos e também da sociedade organizada é extremamente importante no sentido de coibir esse descalabro que se tornou o descaso com a via férrea regional. Chegamos a noticiar que a empresa teve a audácia de solicitar à ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) a devolução da ferrovia de Rubião a Presidente Epitácio com o investimento da multa diária prevista em outras regiões na qual opera tranquilamente o modal, tornando-o completamente inutilizado para eventuais empresas interessadas em obter a concessão e investir no transporte ferroviário paulista.

Não bastando não ter cumprido suas obrigações como concessionária, ou seja, pessoa jurídica autorizada a exploração comercial se um serviço ou produto, relacionadas à mínima manutenção do bem público (os trilhos) e preservação, a empresa ainda tentou se esquivar da multa devida, aplicando-a em ações que já teria responsabilidade de realizar, normalmente, para a manutenção de suas atividades.

É assustador que tudo isso tenha ocorrido sob o nariz de toda a população local, sem que uma grande comoção pública tenha ocorrido. Para a maioria das pessoas, parece que o problema do abandono ferroviário se limita ao uso do espaço por dependentes químicos. Esquecem-se de que o investimento nesse modal poderia gerar uma alternativa de transporte que impactasse no desenvolvimento regional, viabilizasse o escoamento mais eficiente e barato da produção regional. Com isso, novas empresas poderiam iniciar suas atividades aqui e as já existentes, poderiam prosperar.

É importante que a população se mantenha atenta às mudanças que podem viabilizar um impacto econômico real e benéfico para o desenvolvimento. Sem esse acompanhamento, de perto, da opinião pública e uma cobrança contínua, as grandes empresas continuarão eximidas de suas obrigações. É necessário compreender como a economia é complexa, cíclica e impactada pelos mais diversos fatores, buscando alternativas para a evolução econômica que fujam do “mais do mesmo”, para que, enfim, o oeste paulista deixe de ser reconhecido apenas como uma das regiões mais pobres em todo o Estado, tornando-se uma terra de possibilidades interessantes e lucrativas de investimentos.

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