Progresso do setor esbarra em questão logística

UEPP destaca potencial agrícola da região, mas acredita que desativação da linha férrea desfavorece relações comerciais

REGIÃO - ANDRÉ ESTEVES

Data 18/05/2018
Horário 09:19
Jose Reis - Encontro promovido pela UEPP discutiu internacionalização do agronegócio ontem, na OAB
Jose Reis - Encontro promovido pela UEPP discutiu internacionalização do agronegócio ontem, na OAB

O Brasil é um dos principais produtores e exportadores do agronegócio no mundo e seu desempenho é fruto do desenvolvimento do setor em diferentes regiões do país, entre as quais está a 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo. Embora reconheça o potencial agrícola desta área do oeste paulista, o presidente da UEPP (União das Entidades de Presidente Prudente e Região), Marcos Antônio Carvalho Lucas, acredita que o progresso do segmento ainda esbarra na desativação do modal ferroviário que liga Presidente Epitácio a Ourinhos (SP), cuja operação favoreceria as relações comerciais do empresariado. O assunto foi discutido durante o 1º Ciclo de Palestras da UEPP, cuja temática foi a internacionalização do agronegócio e os desafios nas cadeias agroindustriais, realizado na manhã de ontem, na 29ª Subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em Prudente.

Ainda que o encontro tenha traçado um panorama do ramo agrícola em âmbito nacional, Marcos Antônio destaca que o debate está diretamente relacionado com a região de Prudente, que possui uma produtividade muito alta, mas depende da reativação do transporte ferroviário de cargas, cuja demanda já foi documentada na ordem de 1 milhão de toneladas por ano.

Conforme defendido pelo presidente em outras matérias deste periódico, há interessados em adquirir o trecho para retomar a atividade, principalmente investidores internacionais. No decorrer das negociações com a Rumo/ALL (América Latina Logística), administradora dos trilhos, a entidade chegou a receber um plano de logística proposto pela empresa, mas não concordou com os preços estipulados por entender que ultrapassam até mesmo aqueles praticados no modal rodoviário.

Para Marcos, é preciso que se coloque preços razoáveis a fim de que o empresário deixe o transporte rodoviário e aposte no ferroviário, posto que “reduz os custos e torna as mercadorias mais competitivas, principalmente para a exportação brasileira”.

 

Mas por que exportar?

Este foi o questionamento lançado pela palestrante Fernanda Lemos, sócia da Elo Consultoria, antes de apresentar a importância de projetar o agronegócio em nível global. Uma das vantagens é, segundo ela, reduzir a dependência de vendas internas, de modo que o setor não fique refém das oscilações de preço no mercado interno.

Para ilustrar este cenário, ela utiliza como exemplo a Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal no ano passado, quando o alvoroço causado pelas investigações corroboraram para a retração da demanda interna, já comprometida pela crise econômica, que refletiu diretamente no consumo da carne bovina e sua substituição por outra proteína. O déficit do mercado interno, no entanto, foi compensado pelas exportações, que serviram como uma válvula de escape para o segmento. Isso porque já ficou constatado que muitos mercados internacionais não conseguem suprir a oferta da carne brasileira.

Entre os benefícios de se pensar no mercado externo, Fernanda também aponta o aumento da produtividade e da capacidade inovadora, uma vez que incentiva empresários a aprimorarem seus meios de produção para elevar a competitividade em termos globais. Ela enfatiza ainda a melhoria das condições de obtenção de recursos financeiros, já que é interesse do país que as empresas e indústrias do segmento tenham presença internacional; e a otimização dos processos industriais, comerciais e de recursos humanos.

Nesse ponto, a palestrante salienta a necessidade dos empreendedores conseguirem operar inovações e desenvolverem a capacidade de gestão interna e com ênfase nos seus relacionamentos comerciais com fornecedores, parceiros e clientes. “Esse tipo de aperfeiçoamento humano resulta em uma briga de preços mais eficiente, que impacta diretamente no preço final do produto”, argumenta. Fernanda parafraseia teóricos da área para sintetizar que “a exportação é o caminho eficaz para garantir o futuro em um ambiente globalizado e cada vez mais competitivo, o que exige plena capacitação para enfrentar a concorrência estrangeira”.

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