Prudentinos relatam dificuldades para poupar

Como principais justificativas, personagens apontam baixo salário, falta de renda fixa e necessidade em ajudar a família

PRUDENTE - BEATRIZ DUARTE

Data 24/04/2018
Horário 09:04

Sem reservas para emergências ou falta de dinheiro no fim do mês. Esta é a situação da maioria dos brasileiros. Segundo dados do SPC Brasil (Indicador de Reserva Financeira do Serviço de Proteção ao Crédito) e da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes), apenas dois em cada dez consumidores (20%) guardaram dinheiro em dezembro de 2017. A maioria (71%) não conseguiu guardar qualquer quantia. Em Presidente Prudente, a situação não é muito diferente para a população, que também encontra dificuldades para “abastecer” a poupança.

O garçom Arthur Rubini, garçom, 22 anos, com os pais e conta que guarda dinheiro semanalmente. Dos R$ 300 que recebe, poupa R$ 200 e afirma que consegue viver adequadamente com o restante. Para ele, o capital guardado é destinado tanto para emergências, como também serve para ajudar nas despesas de casa. “O povo brasileiro não é ensinado a poupar, e como os itens de consumo são muito caros, as pessoas deixam o dinheiro ir embora de uma vez só”, diz. Segundo o trabalhador, deveria existir uma disciplina de educação financeira durante a fase escolar, para ensinar as pessoas guardarem dinheiro.

Para o vendedor Francisco Roberto dos Anjos, 61 anos, poupar é difícil diante da situação do salário do brasileiro. Segundo ele, o cidadão ganha pouco e gasta boa parte com despesas, como aluguel, luz, telefone entre outros. “Poucos têm muito e muitos não têm nada, os corruptos roubam e ainda fornecem desculpas para esconder. O trabalhador sofre porque trabalha 365 dias para pagar 185 em impostos, a educação financeira é péssima”. Mensalmente, ele afirma poupar cerca de R$ 300 para imprevistos, como por exemplo, atendimento de saúde.

Já a estudante Beatriz dos Santos, 18 anos, não guarda dinheiro porque ainda não tem um emprego, mas ajuda a economizar na renda familiar. Com a oportunidade de um serviço, para ela a quantidade ideal para guardar mensalmente é de R$ 300. A jovem conta que foi ensinada pelos pais a guardar dinheiro desde pequena e que eles tomam algumas atitudes, como evitar refeições fora de casa e desperdício de energia. “Atitudes simples que diminuem as contas no fim do mês. Quando eu trabalhar, quero colocar os ensinamentos aprendidos”.

A dona de casa Rosineide Pontes Ribeiro, 46 anos, conta que para ela conseguir economizar, precisaria de um salário compatível. “As coisas deveriam ser mais baratas, nas condições que vivo atualmente não posso fazer nada além de pagar as contas, mas meu maior desejo é conseguir guardar dinheiro para não precisar passar mais por transtornos”, diz a do lar que, algumas vezes, não conseguiu exames de saúde devido à falta de plano médico. “Nessas horas, a gente precisa esperar por recurso público”.

O dinheiro poupado por alguns anos ajudou a costureira Jacira Marques, 67 anos, a buscar o sonho na carreira de cantora, mas que hoje não consegue poupar do mesmo jeito porque precisa ajudar o filho e o irmão. “Tudo ficou mais difícil depois do benefício cortado, mas mesmo que pouco, tento economizar para sobreviver e também para conseguir comprar um terreno para construção”.

Sem renda fixa, Anderson Souza, 23 anos, poupa de acordo com o que ganha para conquistar uma casa e um carro melhor. “Economizar é uma coisa difícil, a gente precisa aprender e geralmente as pessoas só começam a ter essa prática quando passa por necessidades”. Uma das dicas que ele está tentando colocar em prática é quando estiver com o dinheiro na mão sempre guardar metade dele.

 

VOCÊ ECONOMIZA DINHEIRO MENSALMENTE?

 

Arthur Rubini

Garçom, 22 anos

“Eu guardo dinheiro semanalmente. Eu recebo R$ 300 por semana e, deste total, guardo pelo menos R$ 200, vivo adequadamente com o restante”.

 

 

Francisco Roberto dos Anjos

Vendedor, 61 anos

“Guardar dinheiro significa armazenar uma sobra, mas o que sobra do nosso salário?”.

 

Beatriz dos Santos

Estudante, 18 anos

“Não guardo dinheiro porque ainda não trabalho, mas aprendi a economizar com minha família e vou reservar dinheiro quando tiver um serviço”.

 

Anderson Souza

Autônomo, 23 anos

“Eu não guardo muito porque não tenho renda fixa, faço o que eu posso”.

 

Jacira Marques

Costureira, 67 anos

“Tem hora que não consigo poupar, às vezes preciso tirar tudo que tenho guardado para ajudar alguém da família”.

 

Rosineide Pontes Ribeiro

Do lar, 46 anos

“Eu não guaro dinheiro porque não sobra nada depois de pagar as contas”.

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