Qual o valor de enaltecer o novo e prejulgar o mais velho?

OPINIÃO - Marcos Alves Borba

Data 04/10/2017
Horário 12:07

Acredito que grande parte de nossas buscas deverão perdurar desde que nos conhecemos por gente, uma forma de nos mantermos ativos, produtivos, cientes, conscientes, e principalmente vivos. Se relembrarmos nossos grandes momentos quando éramos crianças, onde sonhos e desejos eram muito mais aguçados devido à naturalidade que a vida persegue, é possível que essa noção de se precaver melhor e viver bem, sem dúvida que nos engrandecerá por um bom tempo. Mas, hoje principalmente, quando nos deparamos com essa modernidade dos tempos atuais, e sejamos bem sinceros, pois tudo isso mais cedo ou mais tarde iria realmente acontecer, infelizmente, ainda estamos encontrando com pessoas que julgam ou acham totalmente inconveniente, quando talentos surgem e afloram naturalmente, e que por ventura seria insignificante insistir nisso. E desde quando talento, vocação, dom, capacidade, medem ou julgam idade acima de um limite permitido? Uma total insanidade de consciência, sem entender os recursos que lhes são dados e até vazias de suas singelas opiniões.    

Quando resolvi fazer essa pequena introdução a uma busca, e sempre na luta de nossos dias de glórias, desejos e até de desencontros, a ansiedade de algo quando incutida na rotina de muita gente, é possível que essa realização, ainda não tenha se concretizado. Principalmente quando chegada à fase adulta e ainda insistem naquilo que não foi possível conseguir, seja quando for, ou por simplesmente seguir um sonho.

Talvez, e muitos ainda não se lembram, ou nunca ouviu falar, mas uma grande escritora chamada Cora Coralina, desde então quando criança almejava grandes sonhos e desejos, e mesmo na sua essência da idade avançada, onde prevaleceu estar a caminho daquilo que sempre foi um desafio. E aos 75 anos de idade reuniu os poemas que consagraram o estilo da autora e transformaram em uma das maiores poetisas de Língua Portuguesa do século 20. E isso pode acontecer na arte, na música, na dança e até no esporte. Não sejamos tão omissos aos estímulos que surgem e fazem as pessoas crescerem e viverem muito mais, por uma busca e prazer, por um talento que as perseguem desde então. Isso realmente não tem preço.

Quando trabalhamos com crianças, e na maioria com idade de 7 a 12 anos, o que mostra que nessa fase seus anseios e buscas vêm a todo vapor, isto é, sai da frente que quero conquistar o meu espaço. Nessa fase de crescimento e desenvolvimento, é natural que na maioria das coisas que fazem, sempre querem e desejam ser o primeiro, não importa de que maneira.

Muito cuidado e atenção nessa grande fase dessas pequenas pessoas, onde podemos encontrar com muitas, e que nos exige atenção e respostas pertinentes. Isso acontece na escola, em centros de treinamentos esportivos, em escolinhas de formação musical, teatral, nos encontros de amigos, de parentes e tantos outros. E muitas delas nos chamam atenção quando se sentem supostamente rejeitadas, mesmo por outras de sua idade, sem má fé, mas na espera de um direcionamento de sua criatividade ingênua, e que pode perpetuar pela essência da vida. E mais cedo ou mais tarde, quando a idade prevalece, um talento incutido de muito tempo, aflora na ânsia de que não foi possível lá atrás, mas que acredita que ainda há tempo suficiente para executá-lo.

Ninguém está fora desse processo, mesmo numa fase cronológica não atingida, poderemos despertar valores agregados a talentos com capacidades que a vida simplesmente nos oferece, e sempre de braços abertos. 

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