No quarto dia de paralisação dos caminhoneiros, a Polícia Militar Rodoviária registrou atos em 13 cidades na 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo. Um balanço divulgado na tarde de ontem mostrou que as manifestações ocorriam em Presidente Prudente, Rancharia, Taciba, Alfredo Marcondes, Iepê, Presidente Venceslau, Teodoro Sampaio, Osvaldo Cruz, Tupi Paulista, Adamantina, Dracena, Parapuã e Inúbia Paulista que, juntas, somavam 628 veículos parados em rodovias. Desde segunda-feira, os motoristas cruzam seus braços em protesto ao preço dos combustíveis. Pelo segundo dia consecutivo, um novo reajuste anunciado pelo Petrobrás passou a valer nas refinarias. Com isso, o diesel já apresenta uma queda acumulada de 2,67%. O valor, no entanto, ainda é considerado “insuficiente” pela categoria. Na maior cidade do oeste paulista, onde é verificada a maior adesão ao movimento, a corporação militar contabilizou 203 caminhões concentrados no perímetro urbano da Rodovia Raposo Tavares (SP-270) e Avenida Joaquim Constantino.
No trecho em questão, a greve segue sem interrupções desde terça-feira e não tem prazo para ser encerrada, uma vez que os manifestantes querem atingir o objetivo nacional. Como muitos dos participantes vêm de outros Estados e não têm local para banho ou alimentação, munícipes e comerciantes têm colaborado com a doação de refeições e água. Um posto de combustíveis localizado nas imediações, inclusive, cede seu espaço para que os caminhoneiros cuidem da higiene pessoal, relatam os envolvidos. Quem passou pela rodovia na manhã de ontem pode constatar até mesmo a presença de uma dupla sertaneja, que cantou para o público ali formado. Ao lado, uma mesa disponibilizava um café da manhã para os presentes.
Manifestantes
O caminhoneiro Maycon Rodrigo Klébis, 36 anos, resolveu apoiar o movimento por entender que os “altos preços” dos combustíveis e dos pedágios inviabilizam o trabalho dos caminhoneiros. Em sua opinião, os impactos deixados pela paralisação são necessários para que o governo se conscientize sobre a importância do transporte. “É preciso que vejam que temos força e é exatamente isso o que estamos mostrando para todo o país”, comenta.
De Luiz Antônio (SP), município próximo a Ribeirão Preto (SP), o caminhoneiro José Carlos Bezerra, 45 anos, interrompeu seu roteiro até o Campo Grande (MS) para aderir ao protesto, que, segundo ele, já “passava da hora de acontecer”. “Se não está sobrando dinheiro nem para as empresas de transporte, imagine para os trabalhadores autônomos que não têm para onde correr?”, questiona o motorista. José Carlos destaca ainda a pacificidade do movimento e a parceria com a Polícia Militar Rodoviária. “Isso prova que não estamos fazendo baderna, mas mostrando como os segmentos da sociedade dependem de nós. O leite para os nossos filhos chega às mesas por conta dos caminhões”, pondera.
Vindo de São Paulo (SP) com destino a Campo Grande (MS), Emanoel Elias de Campos, 53 anos, já teria despachado sua carga, mas concordou em atrasar a viagem para dar força ao ato em Prudente. “O preço do combustível está absurdo e vem refletindo no preço dos alimentos do povo. Além disso, o frete não acompanha esses aumentos excessivos. A luta é digna e justa e não é só em favor dos caminhoneiros, mas de toda a população”, avalia.
Trechos da região que registraram atos em protesto
Local |
Km |
Município |
Sentido |
Quantidade de veículos |
SP-270 |
570+700 |
Presidente Prudente |
Ambos |
203 |
SP-284 |
521+500 |
Rancharia |
Ambos |
60 |
SP-483 |
9 |
Taciba |
Ambos |
37 |
SP-501 |
31,5 |
Alfredo Marcondes |
Ambos |
19 |
SP-421 |
117,5 |
Iepê |
Ambos |
21 |
SP-270 |
620 |
Presidente Venceslau |
Ambos |
90 |
SP-563 |
0 |
Teodoro Sampaio |
Ambos |
30 |
SP-294 |
574 |
Osvaldo Cruz |
Ambos |
75 |
SP-294 |
658 |
Tupi Paulista |
Ambos |
23 |
SP-294 |
596,6 |
Adamantina |
Ambos |
10 |
SP-294 |
646,3 |
Dracena |
Ambos |
35 |
SP-425 |
378 |
Parapuã |
Ambos |
15 |
SP-578/294 |
1,4 |
Inúbia Paulista |
Ambos |
10 |
Total |
628 |