RA de Prudente é a 6ª que mais demite no campo

Antônio Correia é produtor rural de Junqueirópolis, uma das 53 cidades que contemplam a 10ª RA (Região Administrativa do Estado de São Paulo), cuja sede é em Presidente Prudente. Há alguns anos, ele, que era especializado em cultivo de café, mudou para urucum e a seringueira, tudo isso para ter uma rentabilidade melhor e trabalhar como uma equipe de mão de obra fixa, sem demissões. Antônio pensou nessa saída e foi “feliz”, como ele mesmo diz, o que pode ser visto como a contramão de outros agricultores, já que em 2016, por exemplo, a RA foi a sexta maior do Estado que fechou vagas de trabalho no campo. Os dados são do IEA (Instituto de Economia Agrícola), divulgados recentemente, e mostram que no saldo entre demissões e contratações, a região produziu um déficit de -1.007 postos de emprego.

Antônio se viu nessa situação, ao ver que o preço do café não estava sendo praticado em um preço bom na região. Aliás, conforme pode ser visto na tabela, na contra corrente do Estado, a região de Prudente não teve um bom desempenho nesse setor. Contudo, a situação é pior na criação de bovinos e ainda mais na parte do cultivo de cana-de açúcar. Somente neste ramo de produção, foram 941 vagas de empregos perdidas no campo.

O que deve ser impulsionado pela mecanização, como analisado pelo diretor do EDR (Escritório de Desenvolvimento Rural) de Dracena, Luís Alberto Pelozo. “Além disso, em termos de área e PIB [Produto Interno Bruto] regional, a cana-de-açúcar foi deixando de ser produzida, isso falando de grandes agricultores”, completa. Na região da Nova Alta Paulista, ele ainda comenta que a realidade nos últimos anos é essa, mas de forma gradativa.

Velocidade que também é considerada para que as coisas melhorem. Luís lembra que 2016 foi um ano difícil para o agronegócio, assim como todos os setores sofreram com a crise. “Mas a gente trabalha sempre com a expectativa de melhoria, o que pode ser mais garantida se houvermos mais políticas públicas nos ajudando. O prognóstico é de uma estabilidade cada vez maior”, pontua.

O que vai contra o pensamento do EDR de Presidente Venceslau. O diretor Felipe Melhado acredita que vai demorar um pouco para que a situação seja melhor. Para ele, a situação política do país contribuiu para que o agronegócio, que sempre assegurou a principal produção, também fosse afetado. O caso é ainda mais crítico no que tange às negociações do cultivo de bovinos.

Ele explica que as negociações vinham em uma rentabilidade muito boa na bovinocultura, mas que foi muito afetado ao longo do tempo, sem contar a cana-de-açúcar, que na região não foi diferente nas demais do Estado. “Isso sem a gente mencionar que muitas usinas foram fechadas ao longo dos tempos e fazendo com que as produções, as terras, fossem devolvidas para o produtor rural, que lida com um lucro baixo e acaba tendo que demitir”, argumenta.

Alta Sorocabana

Ainda falando da região de Prudente, como mostra na tabela, os únicos setores positivos, na época, foram os de cultivos de laranja e aves, com superávit entre as contratações e demissões. A reportagem procurou o EDR da cidade, capital do oeste paulista, para avaliar o cenário local, mas, não houve êxito na resposta, até a conclusão deste material.

VARIAÇÃO NOS EMPREGOS FORMAIS DO SETOR AGROPECUÁRIO – 2016

Fonte: IEA