Durante muitos séculos a Europa foi um continente devastado por guerras, fome e pobreza. Milhões de europeus tiveram que migrar para várias partes do mundo em razões das dificuldades e miséria em que viviam. Mas, com o decorrer dos séculos, tudo mudou. Nas últimas décadas do século 19 a Europa tornou-se uma forte potência econômica, detentora de 85% das terras do planeta, graças a exploração e escravização das suas colônias. Inclusive o Brasil, na época, enriqueceu Portugal, que enriqueceu a Inglaterra, que fez a revolução industrial, graças principalmente a grana que saía do Brasil. A Europa deve, portanto, seu desenvolvimento econômico, social, científico e tecnológico à força do trabalho e exploração das suas colônias, como também do Oriente Médio, Índia e da África. Hoje, o povo das antigas colônias, vítimas de extrema pobreza causada também pelos colonizadores que as esgotaram, encontram-se em guerras contínuas e tentam entrar na Europa, mas, lamentavelmente, são abandonados, expulsos, mortos. Muitos têm seus barcos afundados, morrem afogados em alto mar. Nem crianças são poupadas.
Provavelmente 90% da população brasileira é composta por imigrantes. Que tal se eles tivessem tido o destino dos imigrantes de hoje? O que estão fazendo com os imigrantes é crime contra a humanidade. Por tradição, nosso país tem recebido refugiados, o que nos proporciona certo orgulho. Minha mãe imigrou para o Brasil aos 15 anos, foragida da grande guerra mundial, tendo tomado o último navio. Em seguida todos os portos foram fechados. Mas paradoxalmente, o brasileiro que abre fronteiras negligencia seu povo, já que tantos moram nas ruas e favelas. O que acontece no Brasil, em relação às favelas, é vergonhoso e doloroso. Enquanto os excluídos subiam morros para montar barracos, tantas vezes, em locais perigosos, a população e o governo fechavam os olhos. Hoje todos pagam o preço dessa segregação com o nível de violência que se espalha.
Vê-se um mal generalizado. Os refugiados que procuram salvação na Europa continuam na dor do abandono e das chacinas. Mas, nessa mesma Europa a população encolhe, o número de idosos cresce e representa cada vez mais dificuldade à população ativa. A força do trabalho dos refugiados imigrantes pode constituir “uma oportunidade” para a União Europeia; entretanto, a xenofobia, o preconceito e a vaidade vão além da razão. Se os países continuarem se fechando com exclusividade para própria riqueza e os seres humanos tiverem olhos voltados só para si mesmos, que mundo deixaremos para as próximas gerações? Se as colmeias forem destroçadas, não tenha dúvida, leitor, as abelhas perecerão.