Os satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) monitoram todos os dias a densidade de raios em todo o país. A 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo, cuja sede é Presidente Prudente, apresentou densidade de 245,06 descargas elétricas por km²/ano. Os dados são do Elat (Grupo de Eletricidade Atmosférica), que pertence ao Inpe, e analisa a quantidade e a incidência de raios, dividida pela área do município. O indicador consiste em uma média da incidência das descargas elétricas entre 2011 e 2016, cujos dados foram divulgados neste ano.
Conforme já noticiado por este diário em 2015, a densidade de descargas elétricas registrada na época foi de 477,64 por km²/ano. Cinco cidades, na ocasião, estavam entre os 50 municípios com maior registro de descargas de raios no Estado. Nos dados deste ano, nenhum dos 53 municípios da 10ª RA entraram no ranking das 100 cidades com mais incidência de raios.
Em âmbito regional, em 2015, Rosana apresentou o maior destaque, figurando em 4º lugar no ranking, com 12 raios por km² ao ano, seguida por Teodoro Sampaio, que estava na 22ª colocação, com 11,3 raios por km² ao ano. Em 2015, os dados do Elat eram levantados com base nos últimos 15 anos.
Já nos dados de 2017, que compreende o período entre 2011 e 2016, entre as cidades que se destacam em números regionais está Estrela do Norte, que apresentou densidade de descargas de 6,1 por km²/ano e ocupou a posição 138 do ranking, seguida por Tarabai, com 5,93 descargas elétricas por km²/ano e posição 149 entre o Estado, e Narandiba, com densidade de raios em 5,73 e 157º lugar. Para se ter uma ideia, a capital do Estado, São Paulo, está em 10º lugar no ranking, com 13,27 descargas elétricas por km²/ano.
De acordo com o Inpe, a diminuição no valor total de densidade de raios, se comparados os dois períodos, e recolocação dos municípios no ranking, não pode ser atribuída a fatores climáticos, mas a uma nova rede de detecção de dados do órgão que apresenta valores mais precisos. “Essa nova base de dados permite captar os raios com maior precisão e atualiza os dados divulgados em anos anteriores”, ressalta.
Fatores climáticos
Mesmo a não atribuição dos números, por parte do Inpe, aos fatores climáticos, o meteorologista Vagner Camarini ressalta que, em 2015, quando a densidade de descargas elétricas registrada foi de 477,64 por km²/ano, a 10ª RA sofreu interferência do fenômeno natural El Ninõ, que trouxe instabilidade atmosférica e, consequentemente, maior número de raios à região. “Diferente do que ocorreu neste ano e até mesmo ano passado, a região sofreu pouco com a instabilidade atmosférica, além da quantidade de chuvas que tem diminuído e temporais menos intensos”, expõe.
O meteorologista comenta ainda sobre as épocas do ano mais propícias ao aparecimento de raios e ressalta que os últimos e primeiros meses do ano são os que mais apresentam índices de raios. “O calor somado às chuvas pode fazer com que aumentem os raios, mas não será algo que vai interferir no ranking estadual”.
Precauções
Uma cartilha de proteção contra raios do Inpe informa que a cada 50 mortes por raio no mundo, uma é no Brasil, o país campeão mundial em incidência do fenômeno. O órgão indica que atividades de agropecuária ao ar livre não sejam feitas e promove o carro como um “abrigo seguro” se estiver com portas e janelas fechadas.
Já o subtenente do Corpo de Bombeiros, Marcos Bratifisch, afirma que a corporação atende frequentemente, em época de chuvas, ocorrências que envolvem raios, como a quedas de árvores, e ressalta que há orientações de precaução, tanto para moradores das áreas rurais, quanto aos moradores das áreas urbanas. “É válido dizer que, no campo, os fazendeiros precisam colocar isoladores nas cercas, isso faz com que o raio, ao atingir o objeto, não propague para o gado ou até mesmo aos moradores locais”. Já para o perímetro urbano, Marcos salienta a importância de permanecer dentro da residência e evitar o contato com aparelhos que estejam conectados por algum tipo de fio à rede elétrica e se manter afastado de janelas e equipamentos metálicos.
Concentração de raios na 10ª RA
Cidade | Densidade de descargas (por km²/ano) | Ranking de densidade estadual |
Adamantina | 4,84 | 309 |
Alfredo Marcondes | 4,76 | 324 |
Àlvares Machado | 5,48 | 182 |
Anhumas | 5,05 | 269 |
Caiabu | 4,59 | 363 |
Caiuá | 4,72 | 331 |
Dracena | 3,96 | 552 |
Emilianópolis | 5,1 | 252 |
Estrelado Norte | 6,1 | 138 |
Euclides da Cunha Paulista | 5,38 | 204 |
Flora Rica | 4,75 | 327 |
Flórida Paulista | 5,52 | 180 |
Iepê | 4,69 | 343 |
Indiana | 4,49 | 396 |
Inúbia Paulista | 5,18 | 239 |
Irapuru | 4,66 | 351 |
Junqueirópolis | 4,15 | 506 |
Lucélia | 4,89 | 302 |
Marabá Paulista | 5,01 | 280 |
Mariápolis | 5,24 | 226 |
Martinópolis | 4,54 | 372 |
Mirante do Paranapanema | 5,41 | 196 |
Monte Castelo | 4,19 | 490 |
Nantes | 4,65 | 354 |
Narandiba | 5,73 | 157 |
Nova Guataporanga | 5,4 | 197 |
Osvaldo Cruz | 4,72 | 332 |
Ouro Verde | 4,24 | 476 |
Pacaembu | 5,36 | 208 |
Panorama | 4,46 | 408 |
Pauliceia | 4,49 | 392 |
Piquerobi | 4,23 | 478 |
Pirapozinho | 5,07 | 259 |
Pracinha | 4,97 | 285 |
Presidente Bernardes | 5,26 | 222 |
Presidente Epitácio | 4,78 | 321 |
Presidente Prudente | 4,8 | 318 |
Presidente Venceslau | 4,46 | 409 |
Rancharia | 4,48 | 400 |
Regente Feijó | 4,52 | 381 |
Ribeirão dos Índios | 4,31 | 455 |
Rosana | 5,69 | 161 |
Sagres | 4,6 | 361 |
Salmourão | 5,19 | 236 |
Sandovalina | 5,19 | 236 |
Santa Mercedes | 5,26 | 223 |
Santo Anastácio | 5,05 | 268 |
Santo Expedito | 4,69 | 342 |
São João do Paud'Alho | 4,89 | 300 |
Taciba | 5,06 | 267 |
Tarabai | 5,93 | 149 |
Teodoro Sampaio | 4,92 | 295 |
Tupi Paulista | 4,08 | 526 |
Total | 245,06 | - |
Fonte: Elat (Grupo de Atividade Atmosférica) do Inpe