Serviços públicos de qualidade podem ampliar potencial desenvolvimentista

EDITORIAL -

Data 21/05/2018
Horário 07:56

Noticiamos com destaque hoje um fato inédito – e bastante preocupante - em Presidente Prudente. Atualmente, de acordo com a Semav (Secretaria Municipal de Assuntos Viários e Cooperação em Segurança Pública) a quantidade de veículos do município superou a quantidade de habitantes. Com uma frota que alcançou o número 228.143, os 225,2 mil habitantes da última contagem do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) foram sobrepujados pela primeira vez.

Apesar do susto imediato ao nos depararmos com o indicador, não é possível afirmar que ele é surpreendente. Ano a ano este diário vem acompanhando uma evolução crescente da frota municipal – e, consequentemente, os problemas acarretados ao trânsito prudentino. Inúmeras matérias sobre falta de vagas de estacionamento nos pontos “vitais” da cidade (como o centro e as proximidades do terminal rodoviário) são frequentemente alvos de apontamentos por munícipes.

Mais do que o acesso ao crédito e a comodidade do veículo particular, esse número demonstra um transporte coletivo incapaz de atender às demandas da população. É importante lembrar que em 2015 o governo municipal divulgou, pela primeira vez, seu Plano de Mobilidade Urbana. Nele, alegava-se que o foco passaria a ser o pedestre, com a previsão de uma reestruturação do transporte coletivo.

Foi anunciada uma futura mudança no sistema de linhas, que mudaria do radial (no qual os ônibus sempre passam pelo quadrilátero central) para o troncal, no qual seriam utilizados os quatro terminais das zonas norte, sul, leste e oeste para otimizar o translado – no entanto, até hoje, apenas um deles está em funcionamento apesar de todas as obras já terem sido finalizadas. Já sobre os “corredores” de ônibus que também seria implantados nas principais vias, até hoje não se ouviu falar mais.

O Poder Público deve compreender que o transporte coletivo de passageiros de qualidade é de sua responsabilidade, tal qual a preservação do meio ambiente, diante da tremenda emissão de CO² por uma quantidade tão absurda de veículos, destruindo a camada de ozônio e agravando o aquecimento global que cada vez mais leva à desastres naturais com potencial destrutivo e frequência com a qual nunca antes foram vistos.

Chegou o momento de abandonar o modelo desenvolvimentista que prioriza segmentos da indústria na qual não conseguimos ser competitivos em relação à China, por exemplo, sem reduzir drasticamente o pib per capita e o salário mínimo. Ou também o modelo econômico exportador que se escora apenas em commodities. O Brasil tem a possibilidade de se tornar um polo de mobilidade urbana, caso priorizar investimentos e pesquisa nessa área, podendo inclusive exportar essa tecnologia. Basta mudar o foco do desenvolvimento, investindo em serviços e bens públicos de qualidade.

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