Situação requer ação firme do Estado para que ameaça cesse

EDITORIAL -

Data 08/11/2018
Horário 04:02

A região de Presidente Prudente, sobretudo os moradores de Presidente Venceslau, acompanham apreensivos há cerca de um mês a presença maciça de policiais dos efetivos da Rota (Ronda Ostensiva Tobias Aguiar), do GOE (Grupo de Operações Especiais) e do COE (Centro de Operações Especiais) pelas ruas da cidade. A razão é a descoberta, por parte das forças de segurança do Estado, de um plano de resgate de chefões da facção criminosa paulista que atua dentro e fora dos presídios do país, que estão confinados na penitenciária 2 de Venceslau. A ameaça é real e, ao que parece, mesmo com a descoberta os criminosos não aparentam ter desistido dos planos.

O que torna isso ainda mais evidente, além da presença das tropas de elite das polícias Militar e Civil do Estado, é o treinamento que o Exército vem promovendo desde a semana passada para o uso de armamento de guerra na operação. Dois tipos de armas são utilizadas nos treinos: metralhadoras calibre .50, que são capazes de derrubar aeronaves, e metralhadoras MAG 7.62, também de grande poder de destruição por funcionar em modo rajada de disparos. Armas de uso restrito das Forças Armadas para utilização em guerras. Outra evidência é o sobrevoo de drones sobre a unidade prisional, como registrado no início desta semana, além da prorrogação por mais dez dias pela Justiça da interdição do aeroporto da cidade.

Nas palavras do promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Prudente, em entrevista à Rádio Bandeirantes, “a situação [...] é de risco iminente e a transferência [dos líderes da facção] para presídios federais não pode ser descartada”. A questão é que, ao que aparenta, o governo do Estado se encontra em uma bifurcação: permanece com os detentos em Venceslau e paga pra ver o poder de fogo de seus aliados, que teriam inclusive contratado os serviços de mercenários internacionais para resgatar a cúpula; ou pede a transferência da liderança da organização e assume o risco de outra megarrebelião e ataques às forças de segurança do Estado, como em 2006.

Seja qual for a decisão ela precisa ser tomada de maneira firme, sensata e urgente. É inaceitável um Estado como São Paulo viver tão suscetível aos mandos e desmandos de alguém que está preso sobre seus próprios domínios. Algo precisa ser feito para que essa ameaça cesse e a normalidade seja reestabelecida, e isso, claro, sem colocar em risco a segurança daqueles que estão aqui fora, os inocentes cidadãos da região.

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