SOS dos hospitais

OPINIÃO - Marcelo Fritschy

Data 26/05/2020
Horário 04:15

Lidamos com o invisível e o imensurável. A capital paulista está à beira de um colapso no sistema da saúde pública. Na região de Presidente Prudente, houve um crescimento acentuado de casos confirmados da Covid-19.

O que aconteceria se os hospitais públicos entrassem em colapso financeiro? As santas casas respondem por 50% de todos os atendimentos do SUS (Sistema Único de Saúde), assumindo fundamental importância tanto no combate de outras doenças como o coronavírus. 

Mas uma reflexão, será a Covid-19, a responsável por falta de leitos, necessidade de melhoria no sistema de saúde e equipamentos para os hospitais? Ou foi o abandono político por anos? Aliás, como disseram certa vez, “não se faz uma Copa do Mundo com hospitais”.

Mais de 2 mil municípios brasileiros contam com santas casas, entretanto, a situação é crítica em muitas delas. Em 2018, 90% somavam dívida de mais de R$ 20 bilhões, consequência da falta de repasse governamental e dados desatualizados.

Com maioria responsável pelo atendimento de alta e médica complexidade, a ligação com o sistema público passou a representar um problema, já que seu financiamento é deficitário. Atrelados à saúde pública, essas instituições filantrópicas dependem da vontade política para aumentar seus recursos.

Agora, com o aumento de pacientes da Covid-19, os hospitais têm enfrentado dificuldades para conciliar atendimentos de qualidade com os altos custos dos insumos, como equipamentos de proteção individual (EPIs). Embora o governo federal tenha sancionado auxílio de R$ 2 bilhões a santas casas e hospitais filantrópicos, ainda não foi publicada a portaria que detalha a dinâmica da distribuição destes recursos.

Na Santa Casa de Presidente Prudente, 60% destinam a atendimentos do SUS. Os 40% restantes são para atendimentos provenientes de particulares ou planos de saúde, que ajudam a pagar parte da conta do SUS, mas isso não tem acontecido devido à pandemia. 

Além disso, até o momento, a instituição não recebeu repasse do governo federal e nem do estadual para cobrir esse déficit e os custos dos atendimentos da Covid-19, bem como, os valores recebidos não cobrem o custo de atendimento das UTIs (Unidades de Terapia Intensiva).

Diante deste cenário, é preciso que o governo defina uma política pública que solucione a questão da saúde. Afinal, estamos em meio a uma pandemia e a saúde é um serviço essencial, onde há riscos dos hospitais fecharem suas portas.

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