Superação de animais que lutaram contra a doença fortalece mulheres

Relação entre cachorrinhas e pacientes integram histórias e promovem troca de apoio, fortalecimento e amizade

PRUDENTE - IZABELLY FERNANDES

Data 19/10/2018
Horário 07:02
José Reis - Graziele veio de Paranacity para levar a cadelinha Belly ao encontro
José Reis - Graziele veio de Paranacity para levar a cadelinha Belly ao encontro

É notável a relação de companheirismo que se estabelece entre seres humanos e cães. Muita gente não sabe, mas esses animais também sofrem com a incidência do câncer de mama, assim como inúmeras mulheres. Neste mês de outubro, período de alusão à conscientização à doença, o Hospital Veterinário São Manoel, em Presidente Prudente, promoveu um encontro entre cachorrinhas e mulheres que estão passando pelo tratamento da patologia ou superaram esse momento difícil, como forma de integrar histórias e promover uma troca de apoio e amizade.

O veterinário Emerson Luiz Ribas diz que a ideia surgiu há algum tempo, pois tinha vontade de realizar um encontro para unir forças entre as mulheres e as guerreiras caninas, a fim de proporcionar um momento de fortalecimento e humanização. Ele diz que uniu forças para promover esse momento de interação, e que devido ao Outubro Rosa, o objetivo é mostrar que a doença tem tratamento e que se diagnosticada com antecedência pode ser curada. “A ideia é mostrar para essas mulheres que se as cadelinhas que passaram pela doença trataram e possuem uma sobrevida boa, elas também podem”, frisa. 

A enfermeira Graziele Mota, 38 anos, veio de Paranacity (PR), para trazer a cachorrinha Belly, de 10 anos, ao encontro. Ela conta que a cadelinha teve câncer de mama, e passou por uma operação para a retirada do tumor. “A gente sempre a pegava no colo e fazia carinho. Em uma dessas vezes, sentimos o nódulo e a encaminhamos para o tratamento”. Em dois meses, Belly se recuperou. Graziele fala que quando recebeu a notícia da doença, sentiu um sentimento de culpa. “Foi difícil, pois me senti culpada por não ter castrado ela, e a gente sabe que quando isso não é feito, contribui para a incidência do câncer”, conta.

Para a enfermeira, o contato entre o humano e o animal é muito importante, principalmente no paralelo que foi estabelecido neste encontro, pois proporcionou um olhar mais profundo da mulher em relação à doença, perante a situação que os animais também passaram. “Unir as situações desse momento difícil junto com os bichinhos que também passaram por esse momento frágil, serve para ajudar umas às outras”, afirma.

Thais Dundes, 34 anos, é “mamãe” da cachorra Raica, de 9 anos, que também teve câncer de mama. “Como ela é grande e peluda e não tem o costume de deitar com a barriga para cima, acabei não percebendo nada. Um dia, ela sentou e eu reparei alguma coisa diferente e percebi que era um caroço”, conta. Em 20 dias, Thais diz que o nódulo já havia aumentado e então levou Raica para o veterinário, que foi constatou o tumor e logo após realizou a cirurgia. “Ela nem precisou passar pela quimioterapia. Durante todo o tratamento, ela nunca se abateu”, afirma.

Para a assistente social do grupo Amigas do Peito, Jandira Aurélio, 66 anos, essa causa serve para humanizar o tratamento com ambas as pacientes. “Eu acho muito importante, pois o ser humano está muito ligado aos animais e nós temos que cuidar e nos aproximar. O grupo fica feliz em saber que os veterinários cuidam tão bem das cadelinhas que tiveram o câncer de mama”, salienta. 

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