Vítimas de relacionamentos abusivos precisam de ajuda para deixar algozes

EDITORIAL -

Data 12/01/2019
Horário 04:05

Basta abrir o jornal ou ligar a TV e a notícia está lá, estampada: mais um caso de feminicídio no país. Nos últimos dias, os crimes passionais têm tomado conta do noticiário. E são cada vez mais chocantes, como o caso do parceiro que matou a esposa na frente da própria filha. Ou do marido que espancou a mulher até ela não aguentar e morrer. Em Presidente Prudente mesmo, quase que diariamente este jornal noticia casos envolvendo a Lei Maria da Penha. Elas são agredidas verbalmente, fisicamente, são ameaçadas, humilhadas, tomam pauladas, facadas e (pasmem!) até machadadas. Muitas vezes, sofrem anos a fio com o comportamento sádico dos companheiros, quando, por fim, acabam engrossando as estatísticas do feminicídio.

As agressões sofridas por tantas e tantas mulheres por parte de quem deveria cuidar delas e protegê-las ganham cada vez mais visibilidade. Muitos casos têm notoriedade a partir de compartilhamentos nas redes sociais, e se engana quem pensa que tais situações envolvem somente famílias de baixa renda. Recentemente, situações terríveis protagonizadas por um ex-diplomata e por filhos de políticos chamaram a atenção.

Nesta semana, este diário mostrou aos leitores como um relacionamento abusivo tem consequências graves à vítima. Ela se anula, vive oprimida, não tem mais identidade. E o pior, na maioria das vezes, não percebe que está em uma relação abusiva. Quando se dá conta, acaba por se sentir culpada pela situação, se distancia da família e amigos. Vive então em um isolamento social, podendo desenvolver depressão, entre outros transtornos psicológicos.

Portanto, é preciso que tal tipo de relacionamento seja cada vez mais debatido na sociedade. As pessoas precisam identificar se o companheiro tem características opressoras. Se ele pode ser um potencial agressor. Há um ditado conhecido e muito propagado que diz: “Em briga de marido e mulher não se mete a colher”. Mas se mete sim. Familiares e amigos devem sempre estar atentos a comportamentos agressivos, obsessivos, ciúmes e brigas em excesso. É preciso reconhecer quando um relacionamento não é saudável. Infelizmente, muitas vítimas, além de demorarem a perceber a situação, estão com a autoestima tão afetada, que não conseguem mais se enxergar sem seu próprio algoz. Mas é preciso sempre ter em mente que eu me basto, assim como você se basta. O outro serve para nos completar com amor e felicidade – não para nos deixar no fundo do poço, onde nem a luz do fim do túnel consegue transpassar.

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