"Como salvar meu casamento"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 21/06/2022
Horário 06:35

Hoje, esta trama esquecida ficou marcada como a última novela produzida pela TV Tupi, que entrou em falência em 1980. A trama contava a história de um casal Pedro (Adriano Reys) e Dorinha (Nicette Bruno) que vivem juntos e felizes há 23 anos. Até que surge a bela e jovem Branca (Elaine Cristina), por quem Pedro se apaixona e passa a ter um relacionamento extraconjugal, mas Dorinha está disposta a tudo para salvar seu casamento. A novela estreou em junho de 1979 com uma audiência cambaleante, mas aos poucos, foi conquistando audiência, mesmo a imensa crise financeira da emissora. Grande parte do sucesso, principalmente paulista, se deveu não só à qualidade do texto dos autores Carlos Lombardi, Ney Marcondes e Edy Lima, mas também porque concorreu às 20h com a novela “Os Gigantes” da Rede Globo, que foi um fracasso retumbante para a emissora, acostumada com audiências astronômicas. Apesar disto, a crise foi maior e a emissora demitiu todo o departamento de dramaturgia em fevereiro de 1980, faltando 20 capítulos para a novela ser encerrada, que ficou melancolicamente sem final para o público. Uma lástima. Um elenco que contava ainda com nomes importantes, como Wanda Stefânia, Paulo e Flávio Guarnieri, Beth Goulart, Hélio Souto, Ariclê Perez e Suzy Camacho. 
    
“A faceirice das rugas”

“Não há nenhum problema em ter 50 anos, mas sim querer continuar aparentando 25”. Essa frase foi proferida pelo roteirista, Joe Gillis (William Holden), em relação ao personagem Norma Desmond (Gloria Swanson) no clássico “Crepúsculo dos Deuses” (“Sunset Boulevard”), dirigido por Billy Wilder em 1950. É uma prova de que há 70 anos a passagem do tempo já castigava as mulheres na eterna busca pela juventude e na ostentação de jovialidade e beleza. O grande problema não é a busca pela beleza, importante para a autoestima, mas sim a mania de enxergarmos encanto só em uma fase da vida. Por que firmar padrões tão rígidos e inflexíveis que atrelam graça apenas ao que é jovem? A juventude e formosura fresca são efêmeras, mas a vida nos proporciona outros momentos atraentes e jeitosos. A passagem do tempo e a ultrapassagem de datas simbólicas, como os 50 e 60 anos, tem sua representatividade para o ser humano: com seus mitos e verdades, são etapas transicionais que nos levam imperiosamente à maturidade e ao distanciamento da juventude. As informações obtidas ao longo da vida são tão pressionadoras, que na verdade, passamos a maior parte do tempo tentando aparentar ter menos idade do que realmente se tem. Ninguém considera parecer mais velho como um elogio, mas quando alguém nos dá uma década a menos inflam-se egos de orgulho e cocotice. As mulheres de 16 ou 17 carregam na maquiagem para parecerem maiores de idade, aos 18 ou 19 acentuam-se comportamentos e curvas para se tornarem mulherões, e em algum momento dos 20, isso vai se extinguindo, minguando, até que já se chega aos 30 querendo um milagre para se voltar à década anterior. E assim vamos mudando de décadas, com saudades das décadas anteriores, muitas vezes com saudades do que não se viveu, pois estava muito ocupada tentando parecer mais jovial. Esse culto à juventude começa internamente e vai se tornando mais doloroso, quanto mais nos afastamos cronológica e esteticamente daquela meia dúzia de anos especiais. Ora bolas, vamos acordar que temos 40, 50, 60 e 70 anos e bater no peito com orgulho que vivemos um bocado e estamos arretados (alguns meio acabados, outros mais conservados), mas prontos para curtir a beleza de cada pé-de-galinha maravilhoso que aparecer no rosto.

Dica da Semana

Filmes – DVD / Streaming

“A Morte lhe Cai Bem”:
Direção: Robert Zemeckis. Elenco: Meryl Streep, Goldie Hawn, Bruce Willis. Uma escritora fica arrasada quando uma estrela de cinema, sua ex-amiga, lhe rouba o marido, um conceituado cirurgião. 14 anos depois, ela retorna lindíssima e lança o livro “Eternamente Jovem”, gerando ciúmes na, agora, envelhecida atriz. Esta procura um tratamento milagroso que lhe traga a beleza de volta, mas este vem recheado de efeitos colaterais. Um filme de 1994 que antecipa em forma de comédia os resultados catastróficos de muitas harmonizações atuais. 


 

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